Poderíamos estar sendo citados pelas belezas naturais, pelo sucesso industrial do Polo ou pelo crescimento dos investimentos no setor imobiliário. Mas, Camaçari ostenta outra triste referência: é a cidade onde o zica vírus surgiu pela primeira vez no Brasil; ou pelo menos foi a primeira cidade a identificar a doença. Há aproximadamente um ano, dividindo as atenções com os efeitos do ‘odor noturno’, surgiam na cidade os primeiros sintomas do vírus.
No início, a doença misteriosa passou a ser chamada de "síndrome eczematosa indeterminada" pelos médicos devido à irritação que causava na pele. Com manchas vermelhas na pele, febre, dor de cabeça e muita dor nas articulações, a população lotava os postos de saúde e hospitais particulares.
Segundo relato cronológico montado pelo Carta Capital, ainda em abril de 2015 os médicos não sabiam um diagnostico preciso da doença. A descoberta veio quando o doutor Antonio Carlos Bandeira, do hospital Santa Helena, contactou o virologista Gubio Soares, da Universidade Federal de Bahia. A ação, foi um verdadeiro pedido de socorro.
“Pelos sintomas que os pacientes apresentavam e o contágio explosivo – havia prédios inteiros lotados por pessoas doentes –, presumiram que se tratava de um 'arbovirus', nome genérico para vírus transmitidos por algum inseto ou outro animal semelhante”, diz a publicação.
Em seu laboratório do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia, em Salvador, Soares, junto a sua colega Silvia Sardi, se dedicaram a investigar cerca de 20 amostras de pacientes enviadas de Camaçari.
Foi através dessa análise que acharam o vilão da história: zika, identificado pela primeira vez no mundo em 1947, na África, e que já apareceu nas ilhas do Pacífico em 2007 e 2013, mas que, pelas características geográficas, não causaram o mesmo impacto.
Isso foi em 28 de abril de 2015. No dia seguinte, as autoridades sanitárias brasileira informaram publicamente a descoberta. E assim, Camaçari se tornou oficialmente a responsável pela descoberta do zica.
Prestes a completar um ano da descoberta no Brasil, o zika segue cercado de mistério.
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