Governador Jerônimo Rodrigues (Foto: Marcelo Cmargo/Agência Brasil)
O Governo do Estado da Bahia reuniu, na quarta-feira (5), representantes de órgãos do sistema de Justiça para tratar da operação policial que resultou na morte de 12 pessoas no bairro de Fazenda Coutos, em Salvador, na terça-feira (4). O encontro, coordenado pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), teve como objetivo garantir transparência nas investigações e assegurar o cumprimento dos procedimentos de apuração e fiscalização.
O governador Jerônimo Rodrigues pediu à Polícia Civil que investigue um "possível exagero" da Polícia Militar durante a operação, realizada na terça-feira (4). "Nós pedimos que todo o estudo seja feito para averiguar se houve algum exagero pela polícia", afirmou Rodrigues durante transmissão ao vivo sobre o balanço do Carnaval.
Participaram da reunião o secretário da SJDH, Felipe Freitas, o secretário da Segurança Pública, Marcelo Werner, o procurador-geral de Justiça da Bahia, Pedro Maia, a defensora pública geral, Camila Canário, e representantes da Polícia Militar, Polícia Civil e Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA).
O secretário Felipe Freitas destacou a importância de aguardar o desfecho das investigações. "É dever das instituições de Estado assegurarem máxima transparência nas suas ações, em especial quando há mortes envolvidas. O Governo do Estado colaborará para que o Ministério Público, órgão responsável pelo controle externo da atividade policial, tenha pleno acesso aos dados da ocorrência", afirmou Freitas.
A Polícia Civil informou que está coletando depoimentos, analisando imagens de câmeras de segurança e realizando perícias no local, com apoio do Departamento de Polícia Técnica (DPT). Já a Polícia Militar instaurou uma investigação interna por meio da Corregedoria da PM.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) acompanhará as investigações por meio dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp).
Contexto da operação
Ainda segundo o governador Jerônimo Rodrigues, a operação em Fazenda Coutos ocorreu após relatos de uma invasão promovida por um grupo armado ligado a uma facção criminosa. A comunidade vinha sofrendo com a violência há dois dias, e a inteligência da PM identificou, por meio de câmeras, uma disputa entre facções.
"Uma delas, se colocando como vencedora, ganhou espaço e queria mandar, proibindo as pessoas de circularem. A Polícia Militar estudou a área, mas eles enfrentaram a polícia e, por conta disso, 12 tombaram", explicou Rodrigues.
Chacinas em Salvador
A operação em Fazenda Coutos é a 100ª chacina registrada em Salvador e na Região Metropolitana desde julho de 2022, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. Do total, 67% das chacinas envolveram policiais e resultaram em 261 mortes.
Para Tailane Muniz, coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado na Bahia, os números mostram a necessidade de repensar a política de segurança pública no estado. "Quando 12 pessoas morrem numa ação policial, fica claro que a prioridade é o confronto e não a proteção. Os moradores da região enfrentaram mais de sete horas de um intenso tiroteio, o transporte público suspenso, e a pergunta que fica é: quais os resultados disso?", questionou.
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