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Opinião

 Sem o tratamento adequado, o doente mental passa a oferecer risco para si e para terceiros (Foto: Ilustrativa) Sem o tratamento adequado, o doente mental passa a oferecer risco para si e para terceiros (Foto: Ilustrativa)

A tragédia que aconteceu na última quarta-feira (21/12), na sede administrativa da Caixa Econômica Federal, em Salvador, tem apenas uma explicação: doença mental mata. Apesar da negligência em torno da questão, principalmente do poder público com suas desastrosas políticas de saúde pública, doença mental é um assunto sério e que leva milhares de pessoas a óbito todos os anos. Seja através de atos como o de anteontem, seja nos suicídios isolados, nos atentados terroristas ou em outros atos que aparentemente possuem alguma motivação lógica e justificável, é preciso enxergar a doença mental por trás de cada um deles, pois, salvo raras exceções, ninguém mentalmente saudável protagoniza este tipo de evento.

Das poucas informações disponíveis sobre esse caso específico, duas me chamam atenção: a primeira é a de que já se tinha conhecimento de que o funcionário apresentava um transtorno emocional; a segunda é o relato dos colegas, dizendo que se tratava de uma pessoa calma, educada, gentil e tranquila. As duas informações quase sempre estão presentes nos relatos que envolvem este tipo evento, pois são características da doença mental e de como ela se manifesta, até atingir o seu ápice em forma de tragédia. A doença mental pode ser silenciosa, passar despercebida e frequentemente menosprezada quando não apresenta sintomas extravagantes, o que torna a situação ainda mais perigosa. Sem o tratamento adequado, o doente mental passa a oferecer risco para si e para terceiros.

Outro fato que chamou a atenção foi a veiculação de que o funcionário frequentava aulas de tiro, no que parece ser uma tentativa de justificar o ato através de uma associação entre armas de fogo e comportamentos agressivos. Isso é bobagem, é a negação da doença mental para o atendimento de certas demandas ideológicas. O saldo dos anos de Reforma Psiquiátrica e da Lei Antimanicomial foi o aumento da desassistência dos doentes mentais, especialmente os de baixa renda, que acabaram ganhando as ruas e depreciando o espaço público, expostos a todo tipo de risco e oferecendo perigo à população.

É preciso quebrar os estigmas que envolvem a saúde mental, os tabus em torno da internação psiquiátrica, do eletrochoque e de tantas outras práticas terapêuticas que diariamente salvam milhares de vidas. Não há dúvidas sobre a eficácia e importância destes tratamentos. O problema é que hoje eles estão restritos às pessoas que podem pagar um serviço de saúde particular. O preconceito em torno das doenças mentais só aumentam a desinformação, a desassistência e o número de tragédias como a da Caixa.

* Luiz Fernando Pedroso é médico psiquiatra e diretor Clínico da Holiste

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