Presidente Emmanuel Macron ao lado da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da primeira-dama Janja (Fotos: Ricardo Stuckert/PR)
Em uma cerimônia repleta de simbolismo e emoção, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi celebrado como um "símbolo de esperança" e uma "lenda viva", pela prefeita de Paris, Anne Hidalgo. A homenagem aconteceu durante a visita de Estado de Lula à França, na última quinta-feira (5), mas só começou a ganhar repercussão no Brasil no sábado (7), depois de o Mídia Ninja publicar no YouTube o discurso completo da prefeita.
O evento, que marcou um momento significativo nas relações diplomáticas entre Brasil e França, evidenciou o contraste gritante com o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante seu mandato, em um dos exemplos mais claros de como a política externa e a imagem internacional do Brasil se transformaram com a mudança de governo.
Recepção calorosa e simbólica
A homenagem a Lula começou com a inauguração de uma "floresta urbana" em frente à sede da prefeitura de Paris, um projeto ambicioso liderado por Hidalgo para tornar a cidade mais resiliente às mudanças climáticas, cuja abertura foi antecipada para coincidir com a visita do presidente brasileiro.
Após a inauguração, Lula foi conduzido à suntuosa Sala de Festas da prefeitura, onde foi ovacionado de pé por aproximadamente 600 convidados, em sua maioria membros da comunidade brasileira em Paris.
Em seu discurso, a prefeita socialista não economizou em elogios e declarações de admiração ao presidente brasileiro. "Paris te ama!", declarou enfaticamente Hidalgo, chamando Lula de uma "lenda viva" e destacando que o título de cidadão honorário de Paris, concedido a ele em outubro de 2019 (quando ainda estava preso injustamente), foi um gesto de reconhecimento à esperança que ele representa.
"O senhor é a encarnação da esperança, a esperança que ainda brilha quando tudo parece estar perdido", afirmou a prefeita, em uma declaração que ela mesma classificou como "de amor de Paris para Brasília". Hidalgo exaltou a coragem e o humanismo do presidente brasileiro, cuja força, segundo ela, reside na "indignação perante a miséria" e na "recusa da injustiça".
A prefeita também destacou as "reformas propriamente revolucionárias" dos governos Lula, que tiraram "tantos brasileiros da pobreza, da fome e que salvaram vidas". Entre os exemplos, citou o combate ao desmatamento da Amazônia, ressaltando o respeito às populações indígenas e a urgência de financiamento dos países do Norte para o Sul para conter o aquecimento global.
Torre Eiffel verde e amarela
Como ápice das homenagens, na mesma noite, após o discurso da prefeita, a famosa Torre Eiffel foi iluminada com as cores verde e amarela, em honra à visita do presidente brasileiro. "Esta noite a Torre Eiffel veste as cores do Brasil", escreveu Lula em suas redes sociais, compartilhando uma foto ao lado da primeira-dama Janja Lula da Silva, do presidente Emmanuel Macron e da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, com o monumento iluminado ao fundo.
O impacto internacional da homenagem
A calorosa recepção a Lula em Paris repercutiu amplamente na imprensa internacional (e muito pouco na imprensa nacional, até o fechamento dessa matéria) sendo interpretada como um forte sinal de reconhecimento ao papel do Brasil no cenário global. Analistas políticos destacaram que a homenagem reforça a posição de Lula como um líder mundial respeitado, especialmente em temas como combate à fome, redução das desigualdades e proteção ambiental.
A visita de Lula à França, a primeira de um chefe de Estado brasileiro ao país em 13 anos, marca um amplo processo de retomada das relações entre as nações, iniciada a partir de 2023. Durante a visita, foram assinados mais de 20 instrumentos de cooperação, refletindo a diversidade e a densidade da relação bilateral. Antes dessa visita de Lula, a anterior foi feita por Dilma Rousseff (PT), então presidente, em 2012. Nem Michel Temer, que assumiu depois do golpe contra Dilma, nem Jair Bolsonaro estiveram oficialmente no país.
O presidente francês Emmanuel Macron, em declaração conjunta com Lula, afirmou: "Temos a mesma visão de mundo, um humanismo a serviço do progresso. Evocamos a nossa parceria a serviço dos grandes desafios globais."
Um contraste chamado Bolsonaro
A calorosa recepção a Lula, que também incluiu jantar especial, contrasta fortemente com o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante seu mandato. Ao contrário Lula, Bolsonaro nunca recebeu homenagens da prefeitura de Paris ou foi convidado para eventos oficiais na cidade. A relação entre o ex-presidente brasileiro e as autoridades francesas, especialmente o presidente Emmanuel Macron, foi marcada por tensões e conflitos diplomáticos.
O ponto mais crítico dessa relação ocorreu em agosto de 2019, durante a crise das queimadas na Amazônia. Na ocasião, Macron levou o tema para discussão no G7 e declarou que "a Amazônia é nosso bem comum", sugerindo uma responsabilidade internacional sobre a floresta. Bolsonaro interpretou a declaração como uma ameaça à soberania brasileira e reagiu com hostilidade.
A situação escalou para uma crise diplomática quando Bolsonaro endossou um comentário ofensivo sobre a primeira-dama francesa, Brigitte Macron, em suas redes sociais. O presidente francês classificou a atitude como "extremamente desrespeitosa" e "triste", afirmando que o povo brasileiro merecia um presidente à altura do cargo.
Quando o G7 ofereceu ajuda financeira para combater os incêndios na Amazônia, Bolsonaro impôs condições para aceitá-la, exigindo que Macron retirasse o que chamou de "insultos" e se retratasse da suposta ameaça à soberania brasileira.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, também se manifestou publicamente contra as políticas ambientais de Bolsonaro na época, alinhando-se à posição de Macron e criticando o que chamou de "negacionismo climático" do governo brasileiro.
Durante os quatro anos do governo Bolsonaro, as relações entre Brasil e França permaneceram frias, com diplomatas europeus e brasileiros classificando o período como a mais séria crise diplomática entre os dois países desde a década de 1960.
Lula x Bolsonaro
A diferença no tratamento recebido pelos dois presidentes brasileiros reflete não apenas preferências políticas pessoais, mas também visões fundamentalmente distintas sobre temas cruciais como meio ambiente, direitos humanos e multilateralismo.
Enquanto Bolsonaro adotou uma postura de confronto com líderes europeus e priorizou alianças com governos de direita, Lula retomou a tradição diplomática brasileira de diálogo amplo e busca de consensos internacionais. A política externa do atual governo recuperou o foco em temas como combate à fome, redução das desigualdades e proteção ambiental, agendas que encontram forte ressonância na França e em outros países europeus.
A visita de Lula a Paris e as homenagens recebidas simbolizam, não apenas o reconhecimento pessoal ao presidente como um grande líder mundial - o que Bolsonaro nunca recebeu - mas também a aprovação internacional à nova orientação da política externa brasileira. Como destacou a própria prefeita Hidalgo, a homenagem representa "o reconhecimento da cidade-luz à luta por um mundo mais justo".
O contraste com o tratamento dado a Bolsonaro serve como lembrete de como as relações internacionais são influenciadas não apenas por interesses geopolíticos e econômicos, mas também por valores, princípios e a forma como os líderes se posicionam diante dos grandes desafios da humanidade. Nenhum país do mundo respeita uma liderança frágil, que se comporta como uma criança de quinta-série.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao lado da primeira-dama Janja e da prefeita de Paris, Anne Hidalgo (Fotos: Ricardo Stuckert/PR)
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)
(Foto: Ricardo Stuckert/PR)
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