A criança foi internada em estado grave no RJ após ser torturada e obrigada a comer fezes e o proprio vômito como castigo. Reprodução
Um caso estarrecedor de violência infantil levou a Polícia Civil do Rio de Janeiro a prender, neste sábado (17), Israel Lima Gomes, de 25 anos. Ele é suspeito de submeter sua enteada de apenas quatro anos a torturas frequentes, castigos físicos e práticas degradantes.
O crime veio à tona após a criança dar entrada, em estado gravíssimo, no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
De acordo com os médicos, a menina apresentava perfuração no intestino, fratura em um dos braços, infecção generalizada na região abdominal e múltiplos hematomas pelo corpo. Além disso, teria sofrido quatro paradas cardíacas antes de chegar à unidade, indicando um quadro extremo de maus-tratos prolongados.
A polícia foi acionada por outras mães que estavam no hospital pediátrico e ficaram chocadas com o estado em que a menina chegou. Diante da gravidade dos ferimentos, a equipe médica decidiu acionar imediatamente o Conselho Tutelar e a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV).
As investigações revelaram que o padrasto usava castigos físicos severos como forma de “educação”. Em mensagens trocadas com a mãe da criança, obtidas com autorização judicial, ele escreveu: “Ela é forte porque estou moldando ela na dor. Fica fraco quando é só amor”. A frase, segundo os investigadores, evidencia um padrão de tortura emocional e física.
Conforme apurado pela polícia, a menina era trancada sozinha em banheiros escuros e, em ao menos uma ocasião, foi forçada a ingerir fezes como forma de punição. A mãe da criança negou participação nas agressões, mas está sendo investigada por possível omissão ou conivência.
Israel Lima já possui registros criminais anteriores por violência doméstica e importunação sexual. Um dos boletins aponta que ele teria se exibido nu diante de uma adolescente de 12 anos.
No momento da prisão, realizada no bairro de Paciência, na zona oeste da capital, o suspeito não resistiu e, diante da polícia, referiu-se à vítima como “amorzinho”.
A criança segue internada, entubada e sob cuidados intensivos. Segundo boletim médico, seu estado é considerado crítico e ela corre risco de morte. A Polícia Civil trata o caso como crime de tortura e tentativa de homicídio.
O delegado responsável pelo inquérito reforça a importância da denúncia anônima e pede que a população informe às autoridades sempre que houver suspeitas de violência contra crianças. O canal Disque 100 está disponível para relatos sigilosos de violações de direitos humanos.
Repercussão e indignação
O caso gerou forte comoção nas redes sociais e entre profissionais de saúde. Entidades ligadas à proteção da infância cobraram uma apuração rigorosa e a responsabilização de todos os envolvidos.
“É inconcebível que uma criança seja submetida a esse nível de crueldade dentro do próprio lar. O caso evidencia a necessidade de vigilância constante e apoio às famílias vulneráveis”, afirmou um dos conselheiros tutelares ouvidos pela reportagem.
Como denunciar maus-tratos infantis
Casos de violência contra menores podem ser denunciados de forma anônima pelos seguintes canais:
• Disque 100 – Central Nacional de Direitos Humanos
• Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV) – disponível nos principais centros urbanos
• Conselho Tutelar – em todos os municípios brasileiros
O caso segue em investigação pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
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