Maternidade de Camaçari - Foto: Divulgação
A divulgação da morte do bebê de Amanda Conceição dos Santos (24) na Maternidade de Camaçari, nesta segunda-feira (03) acendeu uma onda de denúncias sobre a negligência e o descaso no atendimento da unidade.
Nos comentários do primeiro vídeo sobre o caso publicado pela irmã da vítima, Jamile Santos (28), dezenas de mães relatam experiências semelhantes, apontando falhas médicas, demora nos procedimentos, negligência e falta de cuidado. Os depoimentos revelam um padrão alarmante de problemas recorrentes, muitas vezes resultando na morte de recém-nascidos ou em complicações graves para as mães.
Denúncias que revelam um padrão de negligência
Os relatos indicam um cenário onde o atendimento depende da sorte, com gestantes sendo submetidas a atrasos que colocam suas vidas e a dos bebês em risco. Letícia Oliveira contou que sua filha ficou cinco minutos sem respirar porque seu parto foi adiado além do tempo recomendado. “Era para ela nascer na sexta, só fizeram minha cesariana no domingo”, relatou.
Anne Santos revelou que foi mandada para casa várias vezes, mesmo sentindo dores intensas. “Só me atenderam quando minha bolsa estourou na recepção da maternidade. Minha bebê já tinha feito cocô na barriga e pesava mais de 4,5 kg”, afirmou. O mecônio no líquido amniótico pode ser um sinal de sofrimento fetal e requer atenção imediata, algo que, segundo Anne, foi ignorado pela equipe médica.
Pamela, que acompanhava sua irmã, também denunciou a falta de cuidado da maternidade. “O bebê dela engoliu restos do parto, deram leite em copinho e ele teve três paradas cardíacas antes de falecer. Sábado era para ele estar em casa, mas estávamos no velório”, lamentou.
O mesmo descaso foi relatado por Rayane Lima, que perdeu o filho mesmo após alertar os profissionais sobre seu estado. “Eu estava sangrando e sentindo cólicas, mas disseram que era normal. Eu sabia que não era, mas me mandaram para casa. Depois perdi meu bebê.”
Gabriella, que passou pela mesma dor há sete meses, afirmou que a morte de seu filho foi consequência da negligência da equipe médica. “Foi falta de atenção e de amor pelo próximo. Sofro todos os dias sem o meu bebê”, desabafou.
Eduarda Labanca destacou a disparidade no atendimento da maternidade, que parece funcionar de maneira aleatória. “Enquanto há bons profissionais, também há aqueles que tratam os pacientes com total descaso. Parece um açougue. Não tenho mais coragem de parir nessa maternidade”, declarou.
“Azar” ou falha de gestão?
Apesar da avalanche de denúncias, algumas mulheres relataram experiências positivas, o que indica que o problema pode estar menos na infraestrutura da maternidade e mais na inconsistência do atendimento. Vitória Santana afirmou que foi bem assistida e que não enfrentou complicações durante seu parto.
Rosângela Nascimento, por sua vez, demonstrou preocupação ao ver tantas reclamações, mas disse que sempre recebeu atendimento adequado nas consultas pré-natais. Já Marcele Barbosa apontou que o problema da maternidade não é isolado, mas uma questão de sorte. “Quando vamos para uma maternidade, pensamos: ‘Espero pegar um bom plantão.’ O que deveria ser regra, não é”, afirmou.
Jessica Cordeiro elogiou a estrutura da unidade, mas foi categórica ao apontar a falha nos profissionais que atuam nela. “O que falta é empatia e capacitação. Não vou generalizar, mas muitos não estão preparados para prestar assistência.”
Jeniffer, endossa os que não tem queixa, mas seu comentário sugere que o que foi no passado pode não estar ocorrendo do mesmo jeito no presente: "...gente eu fui ganhar minha bb em 2023, eles me receberam muito bem, me atenderam super bem; ganhei minha bb na hora e no dia certo, os enfermeiros (a) foram bem educados comigo sempre me acompanhando".
Omissão do poder público e falta de respostas
Os depoimentos mostram que as mortes e complicações na Maternidade de Camaçari não são eventos isolados, mas sim parte de um problema sistêmico que tem sido ignorado. Ainda assim, se houve queixas, não consta que as autoridades municipais e estaduais tenham dado qualquer resposta concreta às falhas apontadas pelas pacientes, tampouco informaram sobre a abertura de investigações formais para apurar a responsabilidade pelos casos.
As reclamações indicam que a população exige providências urgentes. O mínimo que se espera é uma apuração rigorosa dos fatos e medidas imediatas para evitar que novas famílias sejam atingidas por negligências do tipo, já que se trata de vidas humanas.
NOTA DA REDAÇÃO: O Camaçari Fatos e Fotos (CFF), sempre prezando pela ética jornalística, tem por hábito veicular prints de tela, sempre que usa redes sociais como fonte de informações. Mas, neste caso, considerando a delicadeza da situação, optamos por não expor os perfis de nenhuma das mulheres que relataram suas histórias. Porém, a quem interessar, todos os comentários citados nesta matéria foram postados no vídeo da denúncia feita por Jamile Santos, o que pode ser conferido AQUI.
Veja os comentários no vídeo
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