Consumo de alimentos ultraprocessados representa uma ameaça silenciosa à saúde dos brasileiros (Foto: Reprodução)
Bata frita, hambúrguer, salgadinhos, salsicha de cachorro-quente, presunto, mortadela, lasanha congelada, suco de caixinha que quase não tem fruta, refrigerante, energético… O consumo de alimentos ultraprocessados, aqueles que parecem práticos e saborosos, mas escondem ingredientes artificiais e pouco nutritivos, representa uma ameaça silenciosa à saúde dos brasileiros.
De acordo com um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), só em 2019, esses produtos foram responsáveis por cerca de 57 mil mortes prematuras no Brasil — o que equivale a seis mortes por hora.
Além de impactar diretamente a saúde, o consumo de ultraprocessados custa ao país, anualmente, pelo menos R$ 10,4 bilhões, considerando despesas médicas, aposentadorias precoces e a perda de produtividade no trabalho. Esses alimentos estão associados a doenças graves como obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial, problemas que afetam milhões de brasileiros.
O que são ultraprocessados?
Ultraprocessados são produtos que passam por processos industriais complexos e contêm ingredientes que não encontramos em uma cozinha comum, como aditivos químicos, conservantes, corantes e aromatizantes artificiais. Exemplos incluem biscoitos recheados, refrigerantes, macarrão instantâneo e alimentos prontos congelados. Apesar de convenientes e saborosos, eles são pobres em nutrientes e ricos em açúcar, sódio e gorduras prejudiciais.
“Esses alimentos não apenas aumentam os riscos de doenças, mas também mudam a nossa relação com a comida e a sociedade”, alerta Kelly Poliany Alves, coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
Por que evitar?
Além dos riscos à saúde, como doenças crônicas, os ultraprocessados afetam negativamente a cultura, o convívio social e até o meio ambiente. Segundo dados da pesquisa Vigitel 2023, do Ministério da Saúde, o consumo excessivo desses alimentos contribui para o aumento de problemas como diabetes, hipertensão e obesidade: 10,2% dos adultos brasileiros declararam ter diabetes; 27,9% relataram hipertensão; e 24,3% convivem com obesidade.
Esses números são alarmantes porque evidenciam como os ultraprocessados impactam diretamente a saúde pública, sobrecarregando o sistema de saúde e reduzindo a qualidade de vida da população.
Além disso, a publicidade agressiva desses produtos cria uma falsa sensação de modernidade, diminuindo o valor das tradições alimentares locais. O consumo frequente, muitas vezes em momentos de isolamento, como ao assistir televisão ou trabalhar no computador, reduz as oportunidades de interação social e contribui para o afastamento dos hábitos de preparar e compartilhar refeições.
No âmbito ambiental, a produção de ultraprocessados causa poluição devido às embalagens plásticas e exige grandes quantidades de recursos naturais, como água e energia, além de estimular monoculturas que afetam a biodiversidade.
Uma escolha que faz diferença
Embora convenientes, os ultraprocessados não são inofensivos. Especialistas recomendam que a população priorize alimentos frescos e minimamente processados, como frutas, legumes e grãos integrais, e resgate o hábito de preparar refeições em casa.
O Ministério da Saúde reforça a importância de escolhas alimentares conscientes, sem basear as recomendações em proibições, mas no incentivo ao retorno das tradições alimentares e ao consumo responsável. "Optar por alimentos de verdade é um passo importante para proteger a saúde e preservar a cultura e o meio ambiente", conclui Alves.
A alimentação saudável não precisa ser complicada ou cara. Pequenas mudanças, como reduzir o consumo de ultraprocessados e dar preferência a produtos naturais, podem fazer uma grande diferença para a sua saúde e para o futuro do planeta. Afinal, nem tudo que parece comida faz bem — e o cuidado com o que colocamos no prato é um gesto de amor consigo mesmo e com o próximo.
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