(Foto: Divulgação)
Com o aumento da competitividade das empresas e o consequente crescimento de demandas, o ambiente de trabalho pode se configurar como um dos agentes causadores de uma das doenças mais expoentes da atualidade: o estresse.
No ano de 2015, foram registrados 68 casos de transtornos mentais na Bahia relacionados ou causados pelo trabalho, um crescimento de 44% em relação ao ano anterior. O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) detectou questões como transtorno de estresse, depressão, pós-traumático e ansiedade.
Segundo a médica do trabalho do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador (Cesat) Suerda Fortaleza, o real número de casos deve ser maior. "A maioria dos registros não é realizada. As empresas, por falta de sensibilidade ou conhecimento sobre as doenças mentais, assim como outros fatores, normalmente não realizam os registros", explica.
O centro desenvolve ações de vigilância com objetivo de promover a saúde física e mental dos trabalhadores no estado. Depressão e risco de suicídio são algumas das questões de saúde mental, ligadas ao trabalho, diagnosticadas. "Funções que exigem muito e cargas horárias intensas precisam ser revistas, mas não são as principais causas. Com base no atendimento do Cesat, os relacionamentos no ambiente de trabalho se mostram como principais geradores", diz Suerda.
Com a atual velocidade das dinâmicas sociais, chefes e empregados são pressionados a produzir mais, melhor e de forma mais rápida. Atritos causados pela cobrança ou episódios de assédio - moral, psicológico e sexual -, por exemplo, causam danos à saúde mental. "Acredito que as metas inalcançáveis sejam o principal provocador. Tudo é muito rápido e temos a sensação de ter cada vez menos tempo. Isso gera o 'presenteísmo', ou seja, as pessoas vão ao trabalho mas, por variados motivos, não têm produtividade'', afirma a psicóloga Elisangela Aquino.
Pior que cigarro
A relação entre chefes e empregados constantemente é criticada, seja entre amigos, à mesa do bar ou em estudos acadêmicos. O médico americano Travis Bradberry publicou um artigo em outubro de 2015, altamente disseminado na internet, em que afirma que um chefe ruim pode ser tão danoso quanto cigarro.
O texto foi publicado no Linkedin, rede social de negócios. A declaração tem como base um estudo das universidades de Harvard e Stanford que mostra que doses de estresse no trabalho podem prejudicar mais a saúde do que a exposição a quantidades consideráveis de fumaça.
O estresse ocupacional, ou seja, o desequilíbrio entre as demandas do trabalho e a habilidade ou possibilidade de cumpri-las, manifesta-se de forma mais notável em um grupo específico.
"A sensação de falta de controle é mais presente nas mulheres, pois essas, normalmente, possuem uma segunda jornada de trabalho que os homens não têm. Ao sair do trabalho, elas cuidam dos filhos, da casa e, muitas vezes, do marido. Além disso, elas passam por mais episódios de assédio do que os homens", sinaliza.
Além da alta cobrança e de assédios, mudanças de funções são causas de estresse comuns nos trabalhadores. De acordo com a IMA - Associação Internacional de Gerenciamento de Estresse, em tradução livre -, a baixa produtividade e afastamentos, dentre outros, causados pelo estresse geram um prejuízo anual de mais de US$ 80 bilhões (aproximadamente 4% do PIB) às empresas e órgãos públicos do Brasil. "O estresse é contraprodutivo. Os trabalhadores, chefes e a própria organização perdem com ele", explica a psicóloga Elisangela Aquino.
De acordo com o diretor da Falconi Gente, empresa voltada a soluções de relacionamento e serviços para empresas, Josué Bressane, um ambiente saudável de trabalho depende dos chefes e empregados: "Precisa dos dois agentes, porém os líderes têm um papel fundamental em garantir o melhor cenário. Os líderes são os responsáveis em traduzir para os trabalhadores a estratégia, visão de longo prazo, e os valores praticados no dia a dia, além de definirem metas e diretrizes".
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