Com estações do ano definidas entre o período de chuvas e os de muito calor, Salvador não está livre de um problema que, só no ano passado, causou mais de 11 milhões de internações e 475 mil mortes em todo o Brasil: a pneumonia.
Segundo levantamento do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), a região Nordeste registra anualmente mais de 3 milhões internações com cerca de 110 mil mortes ao ano. De acordo com o coordenador do Serviço de Pneumologia do Hospital Santa Izabel e professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Guilhardo Fontes, a pneumonia é a principal causa de internações, só perdendo para o parto, na Bahia.
O médico pontua ainda que, no estado, o problema nesta época do ano não são as baixas temperaturas, mas o agravamento de outros fatores de risco que terminam deixando a população mais vulnerável ao problema.
“Nesse período, temos uma quantidade grande de vírus em circulação, provocando outras infecções respiratórias, fato que deixa o indivíduo mais vulnerável, além de um agravamento do quadro de saúde entre alérgicos e asmáticos”, esclarece o médico, ressaltando que a pneumonia também termina descompensando pacientes que também são portadores de diabetes, problemas cardíacos e hepáticos, renais crônicos, portadores de anemia falciforme.
Com a meta de ampliar a prevenção de doenças pneumocócicas, em especial a pneumonia, principalmente em pessoas com diabetes, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) deu início à campanha ‘Pneumonia, tô fora’.
“O diabetes acomete cerca de 14 milhões de pessoas no Brasil, por isso, decidimos investir em estratégias que valorizem a prevenção e reforçar que existem vacinas disponíveis gratuitamente no SUS para pessoas mais suscetíveis a essas doenças, como é o caso dos diabéticos”, explica o presidente da SBPT, Renato Maciel.
A iniciativa conta com o ator José Loreto, portador de diabetes, como garoto propaganda. Na peça, Loreto chama a atenção para a gravidade da pneumonia em diabéticos e a gratuidade da vacina nos 49 Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs). A ação é composta pelo site www.pneumoniatofora.com.br.
A página leva os visitantes a entenderem a doença, esclarecerem dúvidas e acessarem informações confiáveis sobre a doença e seus agravos em populações mais suscetíveis. O site também conta com a lista dos CRIEs que aplicam a vacina gratuitamente mediante prescrição médica. A campanha também conta com material informativo no formato de banners, vídeos com especialistas, posts nas redes sociais e outros canais on-line.
Velha conhecida
Guilhardo Fontes explica que a pneumonia é uma infecção que compromete os pulmões e pode ser causada por bactéria, vírus ou fungo e por reações alérgicas no espaço alveolar dos pulmões. O médico diz que os sintomas mais comuns são febre alta, mal-estar generalizado, tosse, falta de ar, dor no tórax, secreção amarelada ou esverdeada, fraqueza e confusão mental.
“No idoso, a pneumonia costuma apresentar uma sintomatologia atípica, com perda de consciência, desorientação e alterações respiratórias, por isso mesmo, esse público exige cuidados especiais para evitar o diagnóstico tardio, quando já há um comprometimento grande em virtude do nível de intoxicação no sangue provocado pelos agentes infecciosos”, completa o médico.
A infectologista e diretora do Seimi Vacinas, Ceuci Nunes, lembra que a pneumonia pode ser evitada com a vacinação, inclusive de adultos. “A cultura do brasileiro é de vacinar apenas crianças, entretanto, os cuidados devem ser prolongados na fase adulta”, orienta. A médica lembra ainda que mesmo a vacina da gripe ajudando na prevenção da pneumonia, as vacinas são diferentes e ambas são importantes. “A utilização da vacina para pneumonia pneumocócica, que é a mais frequente, amplia a proteção da vacina da gripe”, complementa.
Ceuci lembra que o esquema mais adequado é composto por duas vacinas feitas primeiro com uma dose da vacina conjugada 13 valente e após um ano a vacina polissacarídica 23 valente. Doses subsequentes podem ser necessárias, a depender da idade.
“Existem duas vacinas seguras e eficazes para proteger adultos da doença pneumocócica: a vacina pneumocócica 23-valente (polissacarídica) é aplicada em dose única e é indicada para adultos e crianças a partir de 2 anos de idade, disponível no sistema público de saúde. A segunda vacina licenciada no Brasil é a vacina pneumocócica conjugada 13, disponível no sistema privado de saúde também está licenciada para adultos com mais de 50 anos”, pontua.
A imunização reduz o risco de infecções graves causadas pelo Streptococcus pneumoniae, conhecido também como pneumococo, importante agente bacteriano causador de infecções como otite, sinusite, pneumonia, meningite, septicemia e bacteremia (presença de bactérias no sangue).
Medidas preventivas
Além das vacinas, os médicos são unânimes em enfatizar a importância da hidratação, uma alimentação balanceada e de lavar as mãos sempre, especialmente se houver contato mais próximo com idosos e crianças.
Nessa época também é importante evitar aglomerações, manter uma atividade física regular para afastar o estresse e aumentar a resistência, manter uma boa alimentação, além de não esquecer de beber bastante água, mesmo não sentindo sede.
Guilhardo Fontes complementa lembrando que é importante manter o ambiente da casa e do trabalho limpos e arejados e que as roupas mais quentes de Inverno devem ser lavadas antes do uso. “Lavar as mãos com álcool gel, por exemplo, principalmente depois de voltar da rua, é uma boa medida para evitar a propagação dos agentes infecciosos”, finaliza.