LEGITIMIDADE

O resultado da nova pesquisa do Instituto Paraná, divulgada ontem - 62,8% dos brasileiros não enxergam ninguém capaz de substituir Lula -, dá uma dimensão do risco que representa a tentativa das elites de usar o "tapetão" para alijá-lo da eleição presidencial do próximo ano. Significa tirar a legitimidade do governo eleito, impossibilitando assim qualquer perspectiva de superação das crises política e econômica. Dá quase dois terços da população.

CLARÍSSIMO

Enquanto os escândalos pipocam diariamente, com provas abundantes contra figurões do PMDB, PSDB e DEM, o juiz Sérgio Moro só mira em Lula. Em mais de três anos de investigação, não conseguiu comprovar nada contra o ex-presidente. No entanto, não o deixa em paz. Pura perseguição. Atitude que só faz reforçar as acusações de que o objetivo maior da Lava Jato nunca foi combater a corrupção, mas sim ajudar na construção do golpe.

EXPECTATIVA

As atenções do Brasil estão voltadas, nesta quarta-feira, para o Supremo Tribunal Federal, que decide sobre a validade das provas apresentadas na delação de Joesley Batista contra o presidente Temer e o senador Aécio Neves. O resultado é imprevisível. O ministro Gilmar Mendes, também presidente do TSE, trabalha abertamente pela anulação. A credibilidade do Judiciário, que não é nada boa, pode despencar de vez.

IMPRESTÁVEIS

Tudo bem que na política, assim como no xadrez, a mexida em uma peça pode alterar toda a dinâmica do tabuleiro. Mas, com base nas pesquisas, se Lula for inabilitado dois pré candidatos da extrema direita podem ser beneficiados. Um é Bolsonaro, representante daquela oligarquia intolerante, bem violenta, que se inspira no fascismo. O outro é Dória, figura do economicismo despolitizado, neoliberal radical, estilo danem-se os pobres.

RESPINGO

Evidentemente, a queda, ao que parece desta vez por nocaute, do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), ameaça agravar ainda mais a situação de Temer, para quem operava. No entanto, também pode respingar em ACM Neto (DEM). A TV Bahia, da família do prefeito de Salvador, tem feito matérias duras, fingindo imparcialidade. Mas, isso pode irritar Geddel, que já mostrou ser homem de não suportar pressão. Chorou em juízo na primeira prisão, ocorrida em julho.

DESMORALIZAÇÃO

A guerra entre frações das elites entreguistas pelo controle do Estado, melhor dizendo, para definir quem vai servir ao projeto neoliberal, continua a produzir escândalos. A confirmação de que o empresário Joesley Batista e o lobista Ricardo Saud teriam delatado quatro ministros do Supremo Tribunal Federal demonstra o nível de desmonte e desmoralização das instituições no Brasil. Hoje, nada mais é confiável.