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Religião

O Convento de Santa Clara do Desterro da Bahia, no bairro de Nazaré, em Salvador, foi o primeiro mosteiro do Brasil destinado às mulheres da colônia portuguesa decididas a seguir vida religiosa. Foi lá que viveu Madre Vitória da Encarnação, a primeira brasileira com fama de santidade.

A causa, como é chamado o processo de beatificação, ficou parada durante muito tempo. Dom Murilo Krieger, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, já pediu a abertura oficial da causa de beatificação de Madre Vitória. A congregação para a causa dos santos autorizou a abertura e deu à religiosa o título de serva de deus.

“Quando eu solicitei, fui informado que a resposta poderia levar de dois meses a dois anos, porque teriam que examinar para ver se o pedido tem uma justificativa razoável. Para minha surpresa, em menos de dois meses veio uma resposta positiva”, conta o arcebispo.

O Convento de Santa Clara do Desterro foi construído numa pequena colina, e quase 340 anos depois de fundado, mantém preservada grande parte das características originais.Dentro dos muros, pelos longos corredores, circulavam as freiras da regra de Santa Clara de Assis, religiosas ligadas à ordem franciscana. Filha de um capitão de infantaria, Madre Vitória negou a vocação religiosa até os 25 anos, quando decidiu, enfim, ingressar no convento das monjas.

Devota de São Miguel Arcanjo, intercessora das almas do purgatório, a freira teria recusado todo tipo de conforto, e costumava carregar uma pesada cruz como penitência. Na cela onde viveu, um crânio teria sido encontrado, e a explicação para isso é que as irmãs da ordem de Santa Clara andavam com um crânio nas mãos para lembrar sua condição humana.

Outra forma que ela encontrava para se penitenciar era a flagelação. Próximo a uma janela, a freira usava um cilício, espécie de chicote, para cortar a própria pele. Castigava o corpo para elevar a alma e se aproximar do sofrimento de Jesus.

Estudiosa da história de Madre Teresa, irmã Tânia Cristina é da ordem das irmãs franciscanas do Sagrado Coração de Jesus, e conta que a Madre Vitória religiosa contrariou os padrões da época e chocou a todos quando começou a cuidar das vítima da peste, da bexiga, e da tuberculose.
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“Tantos filhos de escravos, como escravos, ou as próprias irmãs que adoecessem, ela cuidava, e muitas pessoas se recuperaram. Então quando a gente fala de Madre Vitória, acho que o primeiro milagre dela é a coragem de cuidar de alguém que está condenado e que você não é obrigado a cuidar, nem pela religião, nem pela lei”, conta a irmã.

E os milagres, segundo religiosos e pesquisadores, foram se multiplicando ao longo de três séculos. Em uma das celas do mosteiro está parte dos bilhetes em agradecimento às graças alcançadas por intermédio da Madre Vitória. Em uma carta escrita em 1974, uma devota agradece a cura do marido doente.

O professor de filosofia e ensino religioso, Tiago da Mata, faz parte de um grupo que busca o reconhecimento das virtudes de Madre Vitória. Ele conta que as experiências místicas, como as visões, ampliaram a fama da religiosa.

“Ela é uma mística, uma mulher que foi agraciada com vários dons por parte de Deus. Um desses era o dom de localizar objetos perdidos, várias pessoas recorriam a ela pedindo que localizassem esses objetos, pessoas desaparecidas, ou até navios em alto mar”, conta Tiago.

Madre Vitória morreu aos 54 anos em uma das celas do mosteiro. Lá, até hoje, uma caixa de vidro guarda o crânio que, para os estudiosos, seria dela ou do pai da religiosa. Os restos mortais da freira foram transportados para o interior da igreja, onde estão até hoje. Eles poderão ser exumados, caso o Vaticano decidia reconhecer as virtudes da freira baiana.

 

 

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