Codevasf é conhecida em Brasília como “balcão de negócios do Centrão“, e em 2023, foi alvo da Operação Benesse da Polícia Federal para investigar práticas irregulares (Foto: Divulgação)
Escandaloso, mas não fora da realidade. A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) é uma empresa pública de direito privado, de capital social pertencente integralmente a União e vinculada atualmente ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. A mercê das influências e investidas políticas, ao longos dos anos, a empresa criada durante a ditadura militar para promover o desenvolvimento da região da bacia do Rio São Francisco, virou um espaço cobiçado pelo Centrão.
O Camaçari Fatos e Fotos (CFF), foi atrás do palco que dá lastro ao enredo em que está inserido o ex-presidente da Câmara de Câmara, Jorge Curvelo (União), listado como funcionário fantasma da companhia, recebendo um salário base de R$ 15.103,16, por meio de um cargo obtido através da indicação do deputado federal Paulo Azi (União). O ex-vereador está nomeado para o cargo de assessor de superintendente.
E apuramos que esse não é um caso raro na companhia. A Codevasf é conhecida em Brasília como “balcão de negócios do Centrão“, e em 2023, foi alvo da Operação Benesse da Polícia Federal para investigar práticas irregulares. A Codevasf está sob influência do Centrão desde a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022). Foi neste período que o ex-presidente, Marcelo Moreira, assumiu o comandando da estatal.
Moreira se manteve no cargo até a última terça-feira (20), quando foi substituído por Lucas Felipe de Oliveira, gerente-executivo de Estratégia e Finanças da estatal. Segundo a imprensa especializada, assim como Moreira, Oliveira também é próximo ao deputado federal Elmar Nascimento (União-BA). A nova indicação teria o aval do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
Nesse meio, a nomeação de Curvelo ilustra vícios e negociatas já entranhadas na companhia, nada de novo. Outro indício é o descontentamento de funcionários da empresa, que teriam denunciado a ausência do ex-vereador na sede da companhia em Juazeiro, no norte da Bahia, como dissemos na matéria anterior, 500 quilômetros distante de Camaçari.
Estabilidade Financeira
O estranho, ou nem tão estranho assim, é que o ex-vereador, além da sua atuação como advogado, que não dá para calcular, desde 2008 está na vida pública, recebendo seus proventos. Durante 12 anos na Câmara Municipal, com salário médio de R$ 15.000,00 o cálculo chega a R$ 2,3 milhões, sem contar com benefícios e recursos como combustível, tíquete de alimentação, entre outros. Na Prefeitura, durante quatro anos, o cálculo feito com base no salário líquido de R$ 18.000,00 de um secretário municipal, soma outros R$ 936,000,00. Então, não havia necessidade, mas é o costume do cachimbo que faz a boca torta.
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