Vereador e ex-candidato à prefeitura de Camaçari, Flávio Matos (União Brasil) (Foto: Reprodução)
O vereador e ex-candidato à prefeitura de Camaçari, Flávio Matos (União Brasil), publicou nesta quinta-feira (5) um vídeo em suas redes sociais para denunciar condições precárias de trabalho na BYD, empresa que está em processo de instalação no município. No vídeo, Matos menciona a constatação de situações análogas à escravidão, além de acidentes graves, como fraturas expostas e amputações. Embora a denúncia seja legítima — nenhuma forma de abuso ou violação dos direitos trabalhistas pode ser tolerada — o posicionamento do vereador levanta questionamentos sobre sua atuação seletiva e o uso político de situações críticas.
Fiscalizar sim, rejeitar não
A chegada da BYD em Camaçari representa um marco para a cidade e o estado da Bahia, com potencial de geração de empregos e desenvolvimento econômico. No entanto, Flávio Matos parece confundir a responsabilidade de fiscalizar com a rejeição à empresa, adotando uma retórica que desconsidera os benefícios que a instalação da BYD pode trazer. O combate às irregularidades trabalhistas deve ocorrer sem desvalorizar o impacto positivo da empresa na economia local.
O silêncio diante de outros abusos
O ponto preocupante, porém, não está na crítica em si, mas na seletividade de Matos ao escolher seus alvos. No vídeo, o vereador cobra sindicatos, partidos políticos e adversários por seu silêncio em relação às condições de trabalho na BYD. Contudo, ele próprio mantém silêncio absoluto diante de problemas igualmente graves que ocorrem sob a gestão de seu aliado político, o prefeito Elinaldo Araújo (União Brasil).
Entre os exemplos de descaso da administração municipal que não geraram indignação pública de Matos estão:
A morte do jovem Luiz Felipe, causada pela falta de salva-vidas nas praias de Camaçari.
Demissões em massa de servidores públicos, realizadas logo após a derrota eleitoral.
Fechamento de postos de saúde e a constante falta de medicamentos de sobrevivência.
Suspensão de serviços básicos, como transporte público, afetando diretamente a população mais vulnerável.
Esses fatos — que afetam diretamente o bem-estar da população de Camaçari — não mereceram vídeos ou discursos indignados por parte do vereador. A omissão de Matos em relação às ações do prefeito Elinaldo revela uma postura contraditória e politicamente conveniente.
Sofrimento como palanque político
A denúncia de Matos contra a BYD, por mais válida que seja, expõe um padrão em sua atuação: usar o sofrimento da população como plataforma política sempre que isso favorece sua narrativa contra adversários. No entanto, quando a questão envolve aliados ou situações que não trazem ganhos eleitorais, o vereador prefere o silêncio.
Camaçari precisa de líderes que defendam os interesses da população de forma consistente, sem se curvar a interesses partidários ou eleitorais. Denunciar abusos na BYD é fundamental, mas também é essencial que a mesma energia seja empregada para cobrar soluções de problemas graves que afetam os moradores, independentemente de quem esteja no poder.
O desenvolvimento da cidade deve ser construído com responsabilidade, fiscalização e coerência — algo que, até o momento, Flávio Matos tem deixado a desejar.
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