Caso foi registrado na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher - DEAM - Foto: Divulgação
A proteção de crianças e adolescentes contra abusos deveria ser uma bandeira primordial para toda e qualquer autoridade política. Mas, em Camaçari, a julgar pela falta de posicionamento de vários vereadores, parece que não é bem assim. Enquanto os dois prefeitos, o atual e o próximo, se posicionaram firmemente ante a grave denúncia de abusos sexuais contra 14 crianças na Escola Anísio Teixeira, a maioria dos vereadores de direita se manteve em silêncio.
Entre as autoridades que se posicionaram, o prefeito eleito, Luiz Caetano (PT), destacou a importância da escola como um espaço seguro e de aprendizado. “Quero manifestar o meu total repúdio ao caso de violência cometida contra 14 crianças em uma escola municipal da nossa Camaçari. Não podemos permitir que os direitos e a integridade física e psicológica das crianças sejam violados”, declarou ele, complementando que "escola é lugar de esperança. É o centro do aprendizado e da formação social”.
O atual prefeito, Elinaldo Araújo (União), também condenou os abusos. "Repudio com veemência o caso de abuso envolvendo um professor da rede pública de ensino de nossa cidade. Desde as primeiras denúncias, tomamos todas as medidas necessárias para garantir o acolhimento dos menores e suas famílias. É inaceitável que atos tão crueis ocorram em um espaço de educação e cuidado". Ele também garantiu que a prefeitura está “colaborando com as autoridades” e reforçou o “compromisso com a segurança e o bem-estar de nossas crianças”
Palavras de uns...
Entre os vereadores, no entanto, a realidade foi outra. Entre os vereadores de esquerda, as reações foram de forte repúdio. "Manifesto aqui meu total repúdio ao inaceitável episódio de pedofilia na Escola Anísio Teixeira. Um absurdo! Espero que a Sec. de Educação Municipal seja firme na condução do processo e o agressor seja punido com o rigor da lei.", declarou o vereador Tagner Cerqueira (PT). O vereador eleito Márcio Neves (PT) também se manifestou: "Como professor, ex-secretário de educação deste município e agora vereador eleito, manifesto minha total repulsa a esse ato inaceitável, que representa uma grave violação aos direitos das nossas crianças e à integridade das famílias da nossa cidade"
O vereador eleito Kaique Ara (PT) lamentou a situação e reforçou seu repúdio à violência: "É lamentável e revoltante saber que um ambiente que deveria ser de acolhimento e instrução, seja palco dessa atrocidade." Junior Borges (União), que deixou o governo durante as eleições também se posicionou. “Militei no movimento estudantil, defendendo uma educação de qualidade e com toda a segurança. Uma situação como esta deve ser profundamente investigada e tomadas as devidas punições, no rigor da lei”.
Entre os vereadores de direita, que são maioria absoluta na atual formação da Câmara, até a publicação dessa matéria, apenas três se posicionaram. "Repudio firmemente o ato de abuso cometido por um professor da rede pública de ensino de nossa cidade. Não podemos tolerar que tais abusos ocorram em um espaço destinado à educação e à proteção de nossas crianças”, declarou o presidente da Câmara, Flávio Matos (União), prometendo que justiça será feita e a punição será rigorosa.
A vereadora Professora Angélica (PP) expressou seu horror diante do crime, enfatizando a necessidade de fortalecer a proteção às crianças: "É inimaginável que alguém que deveria educar tenha cometido tamanha violência."
O vereador eleito Jackson (União) destacou que essa preocupação deve ser de todos. “Como representante desta cidade e defensor dos direitos das nossas crianças e adolescentes, não posso me calar diante de tamanha atrocidade. Esse episódio lamentável atinge não apenas os jovens envolvidos, mas toda a comunidade escolar e suas famílias”.
…silêncio de outros
No entanto, parece que vários vereadores não compartilham do mesmo pensamento de Jackson. Mesmo ativos nas redes sociais, inclusive compartilhando momentos festivos, os vereadores Jamesson (União Brasil), Dudu do Povo (União Brasil), Jorge Curvelo (União Brasil), Deni de Isqueiro (União Brasil), Herbinho Silva (União Brasil), Dr. Samuka (União Brasil), Ivandel Pires (União Brasil), Niltinho (PRB), Manoel Filho (PL), Bispo Jair (Republicanos) e Elias Natan (PSDB) não emitiram sequer uma palavra sobre esse crime absurdo.
Todos eles são de direita, os chamados "defensores da pátria, da família e dos bons costumes” e, em sua maioria, autodeclarados cristãos.
Dentre os de esquerda, também houve quem ficasse em silêncio, embora tenham sido apenas dois: Dentinho (PT) e Dilson Magalhães Jr (PP), que rompeu com o governo no segundo turno das eleições.
Suprapartidário
A luta pela proteção infantil, assim como várias outras pautas sociais, deve ser suprapartidária. Não se trata de ser de direita ou de esquerda, mas de proteger quem mais precisa de cuidado e usar o poder - que é dado pelo povo - para o bem da população.
Mesmo assim, é espantoso que tantos vereadores de direita, que fazem suas campanhas e angariam votos com a falsa afirmação de que “a esquerda quer destruir as famílias”, escolham o silêncio diante de um crime tão gritante.
A árvore se conhece pelos frutos, quem sabe se aplique.
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