Os depoimentos do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, em acordo de delação premiada, não têm força para reacender um clima de impeachment, avaliam aliados do governo em Brasília.
Cerveró citou a presidente Dilma Rousseff e animou a oposição, que quer convocá-lo para depor na comissão do impeachment. O PSDB avalia pedir ao TSE que inclua o trecho da delação contra a presidente no processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer.
Em depoimento, Cerveró disse que "Fernando Collor disse que havia falado com a Presidente da República, Dilma Rousseff, a qual teria dito que estavam à disposição de Fernando Collor de Mello a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora".
Para o vice-líder do governo na Câmara, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), a delação "não tem força (para estimular o impeachment) porque não tem base, não tem consistência. O objetivo dele é se livrar dos delitos que ele praticou".
O deputado avalia que o depoimento do ex-diretor da Petrobras é, na verdade, um "diz que me disse". "Esse Cerveró é um homem assumidamente corrupto e que tenta envolver pessoas honestas em sua busca por liberdade", acrescentou, segundo reportagem de Daiene Cardoso, do Estadão.
O líder do PMDB na Câmara, deputado Leonardo Picciani (RJ), aliado do governo Dilma, também amenizou as denúncias contra a presidente. "Me parece não ter consistência nenhuma", afirmou, sobre a delação.
O ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro também foi ao Twitter criticar o conteúdo do depoimento de Cerveró. "Novas denúncias contra Lula (e Dilma), requentadas, visam fazer 'esquecer' denúncias novas contra o FHC", escreveu. "Não acredito em nenhuma, de delator, seja contra Lula ou FH ou Dilma, antes de apurada judicialmente. Delator quer é salvar a própria pele", acrescentou.
Genro pediu ainda que os leitores "não se iludam" e disse que "informações vazadas criminosamente, seja contra um ou outro, é jogo da defesa de alguém para 'distrair' Polícia e a Justiça". "Isso é feito com cumplicidades de minorias delinquentes, nos órgãos públicos, que usam a imprensa para "vender" informações direcionadas", completou.
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