Operação Mandado de Morte e a operação Falso Jaleco miram cinco policiais militares investigados por homicídios e formação de grupo de extermínio (Foto: Reprodução)
O Ministério Público do Estado da Bahia (MPBA) e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) deflagraram, na última sexta-feira (6), duas operações distintas para combater a crise na atuação policial no estado, marcado pelo aumento da violência e por suspeitas de corrupção. A operação Mandado de Morte e a operação Falso Jaleco miram cinco policiais militares investigados por homicídios e formação de grupo de extermínio, além de outros dois acusados de envolvimento em um roubo milionário disfarçados de profissionais de saúde.
Execuções e fraude processual na Bahia interiorana
Na primeira ação, a operação Mandado de Morte, oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em residências e batalhões da Polícia Militar nas cidades de Cipó, Crisópolis, Paripiranga, Rio Real, Ribeira do Pombal e Serrinha, além de Simão Dias, no estado vizinho de Sergipe. Os alvos são cinco policiais suspeitos de homicídios, fraude processual e possível participação em um grupo de extermínio.
O caso mais emblemático envolve as mortes de Breno Murilo da Cruz Dantas e Ítalo Mendes da Silva, ocorridas em 2021, em Nova Soure. Inicialmente registradas como “confronto e resistência à intervenção policial”, as investigações apontam indícios de execução sumária, com alteração da cena do crime para simular um confronto. Outros crimes com modus operandi semelhante estão sob investigação.
Roubo milionário em Lauro de Freitas
Já a operação Falso Jaleco trouxe à tona um esquema de corrupção envolvendo dois policiais militares que estão atualmente presos preventivamente no Presídio Militar (CCP). A dupla é acusada de planejar e executar, ao lado de um terceiro suspeito ainda não identificado, um roubo milionário em Lauro de Freitas, ocorrido em maio deste ano.
Disfarçados de profissionais de saúde – com jalecos brancos e máscaras cirúrgicas –, os homens invadiram um imóvel residencial e roubaram mais de R$ 130 mil em dinheiro, além de joias, equipamentos de segurança e eletrônicos. O esquema envolveu a clonagem de placas de veículos, evidenciando o planejamento sofisticado da ação.
A operação foi deflagrada em novembro pelo MPBA, por meio dos Grupos de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública (Geosp) e de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), em parceria com a SSP e a Corregedoria da Polícia Militar.
Letalidade policial e corrupção: reflexos de uma crise estrutural
Os recentes casos expõem um problema estrutural nas forças de segurança pública da Bahia, que lidera o ranking de mortes em ações policiais no Brasil. Em 2023, o estado registrou 1.702 mortes decorrentes de intervenções policiais, superando São Paulo e Rio de Janeiro. No primeiro semestre de 2024, foram 831 mortes, com Salvador e Região Metropolitana concentrando 219 delas.
Enquanto a operação Mandado de Morte aponta para a barbárie de execuções sumárias e formação de grupo de extermínio, a operação Falso Jaleco levanta questionamentos sobre a ética e a corrupção dentro da corporação. Ambas revelam um cenário de descontrole, com impacto direto na segurança da população.
Desafios para o governo estadual
Embora a violência policial não seja um problema exclusivo da Bahia, os números alarmantes cobram uma resposta contundente das autoridades. O governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem a responsabilidade de implementar medidas que reduzam a letalidade policial e combatam práticas ilícitas dentro das forças de segurança.
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