Estudo do DataSenado também aponta que 24% da população com mais de 16 anos foi vítima de algum crime digital (Fonte: Agência Senado)
Apesar de o senso comum sugerir que os mais velhos estariam mais expostos a fraudes digitais, pela menor intimidade com as mídias, dados do Senado dizem o contrário. Um levantamento do Instituto DataSenado, realizado com quase 22 mil pessoas em 2024 e divulgado na última semana, mostra que os mais atingidos por crimes como clonagem de cartão, fraudes na internet ou invasão de contas bancárias são os jovens entre 16 e 29 anos — 27% das vítimas. Já entre os idosos com 60 anos ou mais, esse número cai para 16%.
O coordenador do Instituto DataSenado, Marcos Ruben de Oliveira, explica que “os resultados da pesquisa não evidenciam que os idosos sofrem mais golpes”. Por outro lado, ele destaca que os tipos de golpes variam de acordo com a faixa etária: nos mais velhos, predominam os estelionatos — como golpes do Pix, centrais telefônicas falsas e clonagem de cartões —, enquanto nos mais jovens são comuns as armadilhas com promessas de emprego ou ganhos financeiros rápidos, fáceis e sem sair de casa.
Segundo o economista Luciano Póvoa, consultor do Senado para a área de regulação econômica, “os jovens são seduzidos por promessas de emprego pela internet e ganhos fáceis sem sair de casa”. Ele ressalta ainda que fatores como dificuldade de reconhecer conteúdos falsos e o tempo excessivo de uso de dispositivos digitais contribuem para a vulnerabilidade desse público. “Os jovens estão muito mais expostos a golpes virtuais, diante da maior frequência de uso da internet”, afirmou.
A frequência, de fato, é alta. Dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), ligado à Unesco, indicam que 99% dos jovens entre 16 e 24 anos acessam a internet todos os dias ou quase todos os dias. Entre os brasileiros acima de 60 anos, o percentual é de 88%.
O estudo do DataSenado também aponta que 24% da população com mais de 16 anos foi vítima de algum crime digital. Isso significa que mais de 40 milhões de brasileiros já perderam dinheiro com golpes virtuais. As pessoas com ensino médio completo são as mais afetadas (35%), seguidas por aquelas com ensino superior incompleto ou mais (29%). Em termos de renda, os mais atingidos são os que ganham até dois salários mínimos, representando 51% das vítimas.
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, os crimes de estelionato digital aumentaram 13,6% entre 2022 e 2023, enquanto os roubos físicos a bancos e instituições financeiras caíram quase 30%. Os prejuízos também são bilionários: em 2024, estima-se que violações de dados provocaram perdas de R$ 2,3 trilhões no Brasil. Em 2022, o país sofreu mais de 103 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos.
A vulnerabilidade do país diante do cenário digital é ainda mais preocupante quando comparada ao resto do mundo. A América Latina é a região com mais dificuldades para responder a incidentes cibernéticos, segundo a pesquisa Global Cybersecurity Outlook 2025, do Fórum Econômico Mundial. Cerca de 42% das organizações da região manifestam preocupação com esses crimes, ao mesmo tempo em que há uma escassez global de 4,8 milhões de profissionais qualificados em cibersegurança.
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