Charge de Carlos Latuff, CC BY-NC-ND.
Dezembro chegou com números e imagens chocantes de violência policial. Em São Paulo, foi preciso uma idosa de 64 anos ser covardemente agredida na garagem da própria casa, depois de o filho parar na porta de casa para conversar com o pai, para que o governador decidisse intervir. Até então, o governador daquele estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apoiado e apoiador de Bolsonaro, fazia vistas grossas.
Antes do caso bizarro da senhora, um homem foi jogado de uma ponte por um policial, enquanto seus colegas nada fizeram para interferir. Um menino foi assassinado pela polícia pouco tempo depois de o seu pai, trabalhador, ter o mesmo destino. Um suspeito foi executado, mesmo estando imobilizado. Mais dois jovens foram executados em abordagens cuja necessidade sequer ficou clara. Mãe e filho foram agredidos durante o velório do filho/irmão, também morto pela polícia. E esses são só os exemplos mais recentes.
Bahia na mira
Na Bahia, infelizmente, a situação anda por caminhos ainda pior: atualmente, o estado é o líder do país em violência policial. Em 2023, a Bahia registrou 1.702 mortes por ações policiais. Mais que em São Paulo e no Rio de Janeiro, pelo segundo ano consecutivo. Do total de mortos, 1.321 eram pessoas negras e outras 306 não tiveram a etnia registrada.
Em 2024, só no primeiro semestre, foram 831 pessoas assassinadas pela Polícia Militar (PM), quase 10% a mais que no mesmo período de 2023. Só em Salvador e Região Metropolitana foram 219. A PM baiana é a mais letal do Brasil. O caso mais recente foi a execução de um jovem acusado de furto num supermercado, com 12 tiros, enquanto ele estava imobilizado e sem resistir.
Efeito Bolsonaro?
Coincidentemente ou não, os números da violência policial na Bahia começaram sua escalada em 2019. De lá para cá, o total de pessoas mortas pela polícia mais que triplicou. E a violência urbana também segue aumentando.
Na onda do fortalecimento de discursos de “bandido bom é bandido morto”, vidas inocentes se perdem às centenas. E quem sobrevive, vive com medo de sair de casa. Se encontrar um bandido pode ser perigoso, encontrar um policial pode ser ainda pior, principalmente para jovens negros. Existir está cada vez mais arriscado.
Mas não para todos, porque o conceito de “bandido bom…” muda drasticamente de acordo com a cor da pele, o sotaque, o partido em que votou. Não é por segurança, é por “limpeza social”.
PM a serviço de quem?
E se todo governo é para ser criticado, como bem definiu o presidente Lula (PT), então o governador Jerônimo Rodrigues (PT) que receba seu quinhão. A violência não é “culpa do PT”, muito menos do governador. Mas a responsabilidade por encontrar solução, com certeza é dele. Se a PM vai continuar existindo, que seja para proteger a população e atuar dentro do rigor da lei, garantindo os direitos de todos. Não se resolve um problema criando outro maior ainda. Qualquer coisa nesse caminho é um princípio de barbárie, que já está posto e instalado na vida de várias cidades, inclusive Camaçari.
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