O sumiço da empresa contratada, a Aloha Formandos, que não honrou compromissos com os fornecedores nem prestou aos clientes os serviços pelos quais arrecadou cerca de R$ 500 mil (Foto: Reprodução)
Classificação de risco da empresa está na categoria mais perigosa, a D, com 84% e indica possíveis credores que fechar negócios com a Aloha incorre em correr "iminente risco de inadimplência"
No sábado (20), oito turmas de graduação viram seu sonho virar pesadelo ao encontrar, no lugar da festa de formatura, um papel que informava que o evento estava cancelado. O motivo? O sumiço da empresa contratada, a Aloha Formandos, que não honrou compromissos com os fornecedores nem prestou aos clientes os serviços pelos quais arrecadou cerca de R$ 500 mil. É dessa ordem, também, o tamanho da dívida de seu proprietário, Rodrigo Lopes Marques, como revelou uma consulta a serviços de proteção ao crédito.
As consultorias avaliam que a probabilidade de um consumidor com o perfil de Rodrigo honrar seus compromissos financeiros é de apenas 7,55%. Ao todo, são cinco dívidas ativas em seu nome, quatro em São Paulo e duas no Rio: R$ 97.693 e R$ 91.821 no Itaú Unibanco identificadas como "outras operações"; um financiamento no Santander de R$ 77.683; outro financiamento no Itaucard no valor de R$ 75.215; e um cartão de crédito Itaucard de R$ 37.285. Há ainda um protesto registrado em um cartório do Rio, no valor de R$ 92.418, e uma dívida vencida de R$ 238 com a Universidade Estácio de Sá.
Judicialmente, a situação também não é das melhores. A Aloha tem uma média de 10 processos por ano desde que foi criada, em 2009. Há 98 processos contra empresa no Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) e outros dois na Justiça Estadual de São Paulo. Ao menos 70 desses solicitam indenizações por danos morais. Consumidores que se sentiram lesados também buscaram a Justiça para pedir rescisão de contratos, devolução de dinheiro e reclamar da prestação de serviços e de cobranças indevidas.
As três empresas das quais Rodrigo é sócio majoritário, todas no ramo da produção de eventos, têm anotações negativas no mercado. São elas a ALOHA 2009 FORMANDOS EVENTOS LTDA ME, a TRIP 4 ALOHA VIAGEM E TURISMO LTDA ME e a BOOM GASTRONOMIA CARIOCA E EVENTOS LTDA, que forneceria o buffet da festa que não aconteceu.
Na Aloha Formandos, registrada em 2009 sob o CNPJ 11.415.622/0001-05, Rodrigo é dono de 99% das ações. A classificação de risco da empresa está na categoria mais perigosa, a D, com 84%. O serviço indica a possíveis credores que fechar negócios com a Aloha incorre em correr "iminente risco de inadimplência", e aconselha crédito zero: "Para empresas com este perfil de risco, é prática de mercado vender somente à vista", diz o documento.
É a mesma proporção de propriedade do rapaz na Trip 4 Aloha (99,5%), de CNPJ 17.603.195/0001-67, criada quatro anos depois. No limite da segunda faixa de risco, na categoria B4, empresa oferece risco médio de crédito (6,45%). A consultoria indica que o empreendimento "apresenta vulnerabilidades na capacidade de pagamento" e indica que o crédito seja oferecido com maior rigor e mediante constante monitoramento.
Já na Agência Boom, formalizada em 2012 com o CNPJ 17.080.422/0001-17, sua participação societária é de 60%. No limite da terceira faixa de risco, na categoria C4, a probabilidade de inadimplência é de 36,4%. O perigo ao fechar negócios com este CNPJ é "relevante", revela o documento, já que empresas nesta situação costumam honrar apenas 50% dos compromissos.
Em todos os empreendimentos, o restante das ações pertence à mãe de Rodrigo, Maria Lúcia Rodrigues Lopes. Ao contrário do filho, ela não tem nenhuma dívida registrada em seu CPF e altíssima credibilidade no mercado. Na pontuação que indica a probabilidade de um consumidor pagar suas dívidas, chamado de "score", que vai de 0 a 1000, Maria Lúcia tem 989 pontos e 95% de probabilidade de inadimplência. A reportagem segue tentando entrar em contato.
O EXTRA conseguiu contato com Maria Lúcia. Porém, assim que foi perguntada sobre o episódio, ela declarou "não saber de nada" e desligou o telefone.
A empresa tinha um baile de formatura programado para a noite desta segunda-feira no mesmo local onde a de sábado não aconteceu, a Ribalta, na Barra da Tijuca, de turmas do Colégio Pedro II. Em nota divulgada por meio da casa de festas, a Aloha confirma que o baile "acontecerá como previsto" e que propôs reagendamento para as comissões do evento cancelado no sábado. "A empresa se desculpa formalmente com os formandos lesados e busca incessantemente contornar os problemas", conclui o texto.
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