Na entrada de um café, máquina mede temperatura de clientes (Foto: Andreia Hotz)
Os números de pessoas infectadas pelo coronavírus voltaram a crescer em Israel. No total, o país, com 8 milhões de habitantes, soma mais de 40 mil casos e 365 mortes pela Covid-19. A reabertura rápida da economia do país levou a uma segunda onda da doença.
Israel viveu uma quarentena rígida entre 15 de março e 19 de maio. Depois, a flexibilização começou e as infecções cresceram. As consequências da reabertura têm derrubado a popularidade do primeiro ministro, Benjamin Netanyahu.
Uma pesquisa feita pelo Canal 13 mostrou que 61% da população israelense está insatisfeita com o papel que o primeiro ministro tem desempenhado no combate ao coronavírus. Em abril, o índice de satisfação era de 70%, no entanto, neste momento, a segunda onda ainda não tinha chegado.
Paula David é brasileira, médica e trabalha no hospital Sheba Medical Center, em Tel HaShomer. A enfermaria na qual está alocada foi transformada em uma área especial de atendimento para pacientes com coronavírus. Ela relata que, nessa segunda onda, há muito jovens sendo contaminados.
Gráfico da ferramenta MonitoraCovid, da Fiocruz, mostra segunda onda em Israel (Foto: MonitoraCovid/Fiocruz)
“A reabertura aguda de tudo contou para que as pessoas se comportassem como se a vida tivesse voltado ao normal. Apesar das restrições importas pelo governo, como uso de máscaras e limite de pessoas em locais fechados, muitos não seguiram as regras. Em especial a população jovem que rapidamente encher academias, bares e festas”, descreve.
Com o aumento de casos, muitos estabelecimentos foram fechados novamente. Netanyahu assumiu publicamente que a reabertura de parte da economia aconteceu rápido demais.
“Olhando para trás, como parte de tentativas e erros, podemos dizer que os últimos passos foram cedo demais”, ponderou em coletiva de imprensa no último dia 9.
Andreia Hotz é brasileira e vive em Jerusalém. Ela explica que, depois da quarentena na primeira onda, crianças puderam voltar às aulas sem a necessidade de usarem máscaras. Depois, adolescentes e universitários seguiram o mesmo caminho. Para ela, esse foi um grande erro.
“O número de casos disparou logo em seguida. Pessoalmente acho que reabrir as praias e shoppings também não ajudou. Consigo entender a pressão porque o israelense gosta muito de estar na rua, caminhando, praticando esportes, aproveitando os espaços públicos. A quarentena foi particularmente difícil por aqui por causa disso”, opina.
Restaurantes, cafés e sinagogas foram reabertas, mas o uso de máscara era obrigatório, além do distanciamento social e da aferição de temperatura na porta.
Paramentação completa de Paula e dos colegas ao entrar em contato com pacientes infectados pelo novo coronavírus (Foto: Acervo Pessoal)
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