Com olhar seguro de quem ‘sobrou’ na Rio-2016, Robson exibe sua medalha de ouro (Foto: Peter Cziborra | Divulgação)
Poucas vezes se viu um campeão tão popular quanto Robson Conceição. São inúmeros os motivos que fazem seu título pertencer um pouquinho a cada um dos 200 milhões de brasileiros.
Primeiramente, toda uma categoria se sente representada. Robson se tornou o dono da primeira medalha de ouro da história do boxe brasileiro ao bater nesta terça-feira, 16, de forma arrasadora e decisão unânime dos juízes, o francês Sofiane Oumiha na final do peso ligeiro (até 60 kg). Para seus conterrâneos, ele virou uma referência. É o único baiano campeão olímpico em modalidade individual. Até esta terça, o único atleta do estado dono de uma medalha de ouro era Ricardo, campeão em Atenas-2004 no vôlei de praia fazendo dupla com o paranaense Emanuel.
Já o ouro de Robson não apenas é 100% de um atleta da Bahia como é, acima de tudo, uma referência para os milhões de brasileiros que vivem na periferia do país e lutam por uma oportunidade. Robson é nascido e criado em Boa Vista de São Caetano, bairro do subúrbio de Salvador.
De origem humildade, encontrou no boxe uma sobrevivência. Aos 27 anos, disputou sua terceira Olimpíada. Nas anteriores, foi eliminado logo na primeira luta. Mas, nunca desistiu. Seguiu treinando, atingiu o ápice da forma e, no Rio de Janeiro, 'pulverizou' todos os adversários que viu em sua frente.
Na hora que pôs a medalha no peito, não esqueceu de sua origem. Quando partiu para cumprir o rito oficial e foi em direção aos dezenas de repórteres de todas as partes do mundo que o aguardavam, declarou logo ao receber a primeira pergunta: "É uma honra representar o Brasil e, principalmente, a Bahia e o meu bairro, São Caetano. Sou filho de lá com muito orgulho. Queria dizer que Boa Vista de São Caetano é ouro na Olimpíada!".
Minutos depois, assistiu a um vídeo das pessoas de São Caetano fazendo festa pela medalha e afirmou: "É o bairro do meu coração. Somos um povo sofrido e muito guerreiro. E lá é festa sempre. Desde minha primeira Olimpíada, todo mundo parava para me assistir. E, no final, fazia festa, perdendo ou ganhando".
Conquistando o país
Robson Conceição foi conquistando o público brasileiro pouco a pouco. A cada luta e vitória contundente sobre os rivais, a plateia presente à arena onde ocorrem as disputas de boxe ia crescendo. Na estreia, um ginásio ocupado em 30% de sua capacidade máxima aplaudiu o triunfo. Na saída do ringue, só três repórteres o aguardavam para entrevista.
Nesta terça, uma multidão de fotógrafos e jornalistas o seguia ainda antes da luta. Quando subiu ao ringue, foi ovacionado por uma arquibancada abarrotada, que cantava "ô, o campeão chegou". Ainda no primeiro round, a cantoria só era intercalada por vibrações pelos golpes acertados e por gritos como "vai Robson, você é o cara!". Centenas no ginásio davam o mesmo depoimento: se identificaram com Robson vendo as primeira lutas pela TV e correram para assistir à final.
No fim, eufórico, o pugilista declarou: "quando comecei a lutar, meu maior sonho era chegar a uma Olimpíada. Hoje, me vejo com uma medalha de ouro no peito. Quando voltar para a Bahia, estou esperando trio elétrico e carro do corpo de bombeiro". Ele merece!
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