orcida brasileira faz festa e tira foto com Bruninho, do vôlei (Foto: AFP)
Acostumada a lotar os estádios de futebol, a torcida brasileira vem sendo um fator diferencial para os atletas nacionais – e de desequilíbrio para seus adversários – neste início de Jogos Olímpicos do Rio. Em qualquer esporte, os brasileiros fazem enorme pressão sobre os rivais e ajudam, sim, os nossos atletas a conseguirem até resultados inesperados.
Na noite de domingo, a dupla de tenistas André Sá e Thomaz Bellucci conheceu bem essa diferença. A quadra 1 nem estava lotada. Mas quem foi, fez questão de gastar todo o fôlego para apoiar os brasileiros contra os favoritos britânicos Jamie e Andy Murray. “Eu nunca senti uma emoção tão forte assim num jogo de tênis. A gente pode comparar com Copa Davis, mas eu joguei 12 anos de Davis e nunca vi um ambiente como estava. Fez diferença”, afirmou Sá, de 39 anos. A dupla ganhou até musiquinha: “olê, olê, olê, olá, Bellucci e Sá”. Ontem, mesmo com todo apoio, eles acabaram eliminados pelos italianos Andrea Seppi e Fabio Fognini.
Primeiro medalhista do país nos Jogos, o atirador Felipe Wu, prata no tiro esportivo no sábado, se surpreendeu com o apoio das arquibancadas. “Até essa manhã (sábado), eu dizia que a torcida não fazia muita diferença, mas fez em momentos em que eu não estava muito confiante”, confessou Wu, que viu a galera cantar o Hino Nacional para ele após a cerimônia de premiação.
Assim como no tênis, a torcida parava na hora em que o atleta iria atuar, a não ser um som de corneta no momento errado. Mas veio de um russo.
No basquete masculino, os presentes à Arena Carioca 1 ajudaram – e muito – a tirar o Brasil do buraco que ele tinha se metido ao permitir a Lituânia abrir 30 pontos de diferença no primeiro tempo da partida, domingo. Com uma pressão absurda sobre os lituanos e gritando muito quando o Brasil pontuava, o time nacional chegou a ficar quatro pontos atrás. A derrota não tirou o reconhecimento. “Era um placar que é como se fosse acabar com o jogo, mas a torcida compareceu, nos apoiou e fez a gente acreditar que poderíamos virar”, afirmou Nenê.
Ontem, a judoca medalhista de ouro Rafaela Silva contou como se aproveitou do apoio da torcida. “O ginásio chegava a tremer. Eu via que minhas adversárias sentiam a pressão e eu não podia decepcionar todas essas pessoas que vieram torcer por mim aqui dentro da minha casa”, confessou. Ao CORREIO, membros da equipe técnica da Bélgica garantiram nunca ter visto nada igual. “É fantástico, impressionante”.
Quando não há um brasileiro competindo, a torcida costuma ficar do lado de grandes ídolos ou do mais fraco, contanto que este não seja argentino. A favor de argentino, jamais. O carinho é percebido pelos estrangeiros. O tenista Novak Djokovic, eliminado pelo argentino Juan Martin del Potro na noite de domingo, chorou. “Eu me senti como se estivesse no meu país, como se fosse brasileiro, não sei. Foi incrível”, descreveu.
A rivalidade entre brasileiros e argentinos é um fio de alta tensão. E explodiu ontem, enquanto Del Potro enfrentava o português João Sousa. Dois torcedores trocaram provocações e chegaram a brigar. Foram retirados das arquibancadas pela Força Nacional. Depois de se entenderem nos corredores da arena, a segurança permitiu que eles voltassem a assistir ao jogo. Porém, um longe do outro.
No boxe, a torcida nacional, que adora humor, adotou um queniano que enfrentava um russo. O grito? “Ôô, ôô, vai pra cima dele, negão!”.
A grande exceção tem sido exatamente o futebol masculino. Mais exigentes, os torcedores não perdoaram os dois empates em 0x0 e chegaram até a gritar pelo Iraque, em Brasília. Futebol, realmente, é um outro esporte no Brasil.
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