Representantes da empresa durante reunião com a gestão municipal para discutir a contratação de mão de obra local e ações de qualificação profissional (Foto: Juliano Sarraf)
Um dia após o Ministério Público do Trabalho (MPT) ingressar com ação civil pública contra a montadora BYD e duas empreiteiras por submeter trabalhadores chineses a condições análogas à escravidão na construção da fábrica em Camaçari, representantes da empresa se reuniram com a gestão municipal para discutir a contratação de mão de obra local e ações de qualificação profissional.
Na oportunidade, a montadora afirmou que pretende contratar entre 90% e 95% da mão de obra diretamente na cidade de Camaçari. Segundo o diretor regional da empresa, Rodrigo Rosseto, essa já é uma prática adotada em outras unidades da BYD fora da China. “Inicialmente o foco é Camaçari, e a gente só vai procurar fora se não encontrar aqui”, afirmou. A expectativa é de que os cursos e treinamentos realizados em parceria com a prefeitura e o Sistema Fieb supram as demandas de qualificação.
O encontro aconteceu na tarde desta quarta-feira (28), na sede da Secretaria de Governo (Segov), e contou com a presença do prefeito Luiz Caetano, da vice-prefeita Déa Santos, de secretários municipais e de representantes da BYD e do Sistema S, incluindo o diretor regional do Senai, Evandro Mazzo.
A titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Adriana Marcele, destacou que o objetivo da reunião foi alinhar as necessidades da montadora com a oferta local. “Queremos garantir que a população esteja preparada para ocupar as vagas que serão abertas com a chegada da BYD”, afirmou. Ela também reforçou a importância de manter os postos de trabalho no município.
O prefeito Luiz Caetano, por sua vez, ressaltou que o diálogo entre a gestão pública e a montadora tem como finalidade garantir benefícios concretos para a população. “Alinhamos estratégias que fortalecem a parceria com a gestão municipal e contribuem para transformar a vida da nossa gente”, declarou.
A previsão da empresa é de que, ainda no segundo semestre deste ano, os primeiros veículos pré-montados com mão de obra brasileira comecem a ser entregues na planta de Camaçari.
Relembre o contexto
A reunião ocorre em meio à repercussão da ação civil pública movida pelo MPT, que responsabiliza a BYD e suas empreiteiras parceiras pela submissão de 220 trabalhadores chineses a condições degradantes e ilegais. A força-tarefa do caso revelou alojamentos precários, jornadas exaustivas, retenção de passaportes e outros elementos caracterizados como tráfico internacional de pessoas e trabalho análogo à escravidão.
O MPT solicita indenização de R$ 257 milhões por danos morais coletivos, além do pagamento de danos morais individuais e verbas rescisórias aos trabalhadores. A ação segue em tramitação na Justiça do Trabalho.
Representantes da empresa durante reunião com a gestão municipal para discutir a contratação de mão de obra local e ações de qualificação profissional (Foto: Juliano Sarraf)
Clique aqui e siga-nos no Facebook
< Anterior | Próximo > |
---|