Países como China e Estados Unidos têm importado grandes quantidades de carne bovina, frango e suíno, o que reduz a oferta disponível no mercado interno (Foto: Reprodução)
O Brasil fechou 2024 com números históricos na produção de alimentos, como ovos, carne bovina, frango e suíno, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, apesar da oferta recorde, os preços desses produtos continuam elevados para o consumidor brasileiro. A explicação para esse paradoxo envolve uma combinação de fatores, como a alta demanda internacional, a valorização do dólar e a priorização das exportações pelos grandes produtores. Entenda como isso afeta o bolso do brasileiro.
Produção em alta, mas preços sob pressão
Em 2024, o Brasil abateu 39,27 milhões de cabeças de gado, um aumento de 15,2% em relação a 2023, marcando o maior volume desde 2013. A produção de frangos também atingiu um recorde, com 6,46 bilhões de unidades abatidas, enquanto o abate de suínos chegou a 57,86 milhões de cabeças. Além disso, a produção de ovos de galinha alcançou 4,67 bilhões de dúzias, um crescimento de 10% em relação ao ano anterior.
Apesar desses números impressionantes, os preços dos alimentos no mercado interno seguem altos. Segundo o IBGE, o aumento da demanda internacional, impulsionada por países como China, Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos, tem “pressionado” os preços internos. Em 2024, o Brasil exportou 2,55 milhões de toneladas de carne bovina, com a China comprando 52% desse volume.
Por que os preços internos não caem?
A alta dos preços internos pode ser explicada por três fatores principais:
1. Demanda internacional aquecida: Com a economia global em recuperação pós-pandemia, a demanda por alimentos brasileiros aumentou significativamente. Países como China e Estados Unidos têm importado grandes quantidades de carne bovina, frango e suíno, o que reduz a oferta disponível no mercado interno. O pouco que fica aqui, é vendido mais caro, para compensar a quantidade reduzida.
2. Valorização do dólar: A alta do dólar torna as exportações mais vantajosas para os produtores, que preferem vender para o exterior, porque acabam lucrando muito mais do que se vendessem internamente. De forma simples, vender 1kg de carne por 20 dólares é mais lucrativo do que vender por 30 reais. Isso reduz a disponibilidade de produtos no mercado interno, pressionando os preços para cima.
3. Custos de produção: Apesar da produção recorde, os custos com insumos, como ração e fertilizantes, continuam elevados. Esses custos são repassados ao consumidor final, mantendo os preços altos mesmo com a produção recorde.
Exportação vs. mercado interno
Enquanto o Brasil se consolida como um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, o mercado interno sofre com a escassez de produtos e preços elevados. Por exemplo, 65% da produção de frango é consumida no país, enquanto os outros 35% são exportados, para atender 172 países. No caso da carne bovina, a situação é ainda mais crítica, com grande parte da produção destinada ao exterior.
A demanda internacional por carne cresceu significativamente, e o Brasil, como um dos maiores exportadores, prioriza esse mercado. Isso acaba reduzindo a oferta interna e pressionando os preços.
Impacto no bolso do consumidor
A alta dos preços dos alimentos tem um impacto direto no orçamento das famílias brasileiras. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o preço da carne bovina subiu 12% em 2024, enquanto o frango e o suíno tiveram aumentos de 8% e 6%, respectivamente. O ovo, que também teve produção recorde, ficou 10% mais caro.
Esses aumentos são sentidos principalmente pelas famílias de baixa renda, que gastam uma parcela maior de seus salários com alimentação. Quando os preços dos alimentos sobem, o impacto é maior para quem já vive com pouco.
O que pode ser feito?
Especialistas apontam que é necessário equilibrar a balança entre exportação e mercado interno. Uma das soluções seria incentivar a produção voltada para o consumo doméstico, além de reduzir os custos de produção com políticas de subsídios e investimentos em tecnologia.
Políticas públicas que incentivem os produtores a destinar parte de sua produção ao mercado interno podem ajudar a equilibrar a oferta e reduzir os preços para o consumidor brasileiro.
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