Entre os endividados, um dos fatores que impulsionou o aumento das estatísticas foi o uso do cartão de crédito (Foto: Reprodução)
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou, nesta semana, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) referente a dezembro de 2020. Os dados revelam o fortalecimento de duas condições aparentemente contraditórias.
Por um lado, o número de endividados aumentou. Por outro, o número de pessoas que estão conseguindo manter as contas em dias também. Confira os detalhes
Cartão de crédito
Entre os endividados, um dos fatores que impulsionou o aumento das estatísticas foi o uso do cartão de crédito. A proporção de brasileiros que utilizam o cartão de crédito voltou a crescer, no período, alcançando 79,4% das famílias – a maior taxa desde janeiro de 2020. O produto é a principal modalidade de endividamento.
Além do cartão de crédito, o cheque especial também aumentou a sua participação entre as famílias endividadas. “Ambas são modalidades associadas ao consumo imediato e de curto e médio prazos”, aponta a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira.
Segundo ela, o fim do auxílio emergencial, pode impulsionar ainda mais o endividamento de brasileiros de baixa renda. “O crédito pode voltar a funcionar como ferramenta de recomposição da renda, ainda no contexto de incertezas sobre a evolução do mercado de trabalho”, afirma Izis.
Endividados e adimplentes
Em geral, o número de brasileiros com dívidas voltou a subir no último mês de 2020, atingindo 66,3% dos consumidores: uma alta de 0,3 ponto percentual com relação a novembro. No comparativo anual, o indicador registrou aumento de 0,7 ponto percentual.
Apesar da alta do endividamento, os consumidores continuam conseguindo quitar débitos e compromissos financeiros. O total de famílias com dívidas ou contas em atraso apresentou a quarta redução consecutiva, caindo de 25,7%, em novembro, para 25,2%, em dezembro. Já em comparação com igual mês de 2019, a proporção cresceu 0,7 ponto percentual.
Segundo a CNC, a parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permanecerão inadimplentes também caiu, no final de 2020, passando de 11,5% para 11,2%. Em dezembro de 2019, o indicador havia alcançado 10%.
"Ricos" e endividados
Se engana, no entanto, quem imagina que dívidas são um problema das famílias de baixa renda. Embora elas sejam mais afetadas, por razões notórias, o endividamento também tem índice relevante das famílias com rendas maiores.
Como demonstrou a mesma pesquisa, entre as famílias que recebem até dez salários mínimos, o percentual de endividamento subiu para 67,7% do total, após três reduções consecutivas. Para as famílias com renda acima de dez salários, o indicador aumentou para 60%.
O poder do dinheiro
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o crédito deve ganhar destaque na retomada da economia em 2021. “É importante não somente seguir ampliando o acesso aos recursos com custos mais baixos, mas também alongar os prazos de pagamento das dívidas para mitigar o risco da inadimplência no sistema financeiro”, disse, em nota, Tadros, ressaltando que grande parte do crédito ofertado durante a pandemia de covid-19 foi concedido com carência nos pagamentos e deve começar a vencer no início deste ano.
*Com informações da Agência Brasil
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