Bradesco, Mitsui e o fundo de pensão do Banco do Brasil (Previ) conseguiram barrar a ideia do governo interino de Michel Temer de trocar o presidente da Vale, Murilo Ferreira. A ofensiva dos sócios, capitaneada pelo presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, buscou evitar, conforme fontes, que o contexto político trouxesse prejuízos para a mineradora em termos de governança corporativa.
Com isso, por ora, Ferreira, há cerca cinco anos no comando da companhia, segue à frente da Vale. Seu mandato foi renovado e termina em abril 2017.
Ferreira é indicação do Bradesco. Nos últimos anos, o banco é quem tem indicado o presidente da companhia. Já a Previ escolhe o presidente do Conselho de Administração, cargo ocupado atualmente por Gueitiro Matsuo Genso, que comanda o fundo. Não há nada formal que obrigue o rito, mas essa tem sido a prática.
Trabuco se reuniu com Michel Temer, no final de maio, para reforçar junto ao presidente em exercício eventuais problemas que a troca de Ferreira poderia trazer em termos de governança corporativa. Seu desejo de mudar o presidente da Vale teria como base a proximidade do executivo à presidente Dilma Rousseff.
Ferreira é elogiado pelo mercado por adotar uma estratégia de corte de custos e ganho de eficiência, chamada por alguns analistas de "disciplina de capital". Os analistas do BTG destacam, em relatório, que além de "competente", o executivo estaria preparando a Vale para "prolongado ciclo de baixa de commodities".
A Vale informou, ontem, por meio de comunicado ao mercado, que não houve qualquer deliberação ou comunicação dos acionistas controladores em relação à substituição de Ferreira.
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