(Reprodução de vídeo) A primeira imagem de um buraco negro foi revelada nesta quarta-feira - AFP
A primeira imagem de um buraco negro, revelada nesta quarta-feira (10), constitui “a prova mais direta” já obtida da “existência” destes corpos celestes – explica o astrônomo Frédéric Gueth, diretor adjunto do Instituto de Radioastronomia Milimétrica da Europa, que participou do projeto.
Pergunta: Como esta façanha foi possível?
Resposta: “Durante as observações do projeto ‘Event Horizon Telescope’ (EHT), todos os telescópios milimétricos do planeta se uniram para fazer a mesma observação, rigorosamente ao mesmo tempo.
Combinando todos os telescópios, uma técnica denominada interferometria, se obtém uma antena virtual com um tamanho equivalente ao da Terra.
A unidade milimétrica acaba por ser o melhor comprimento de onda para o estudo de buracos negros, pois atravessa a nuvem de poeira que os cerca. O que não é o caso, por exemplo, do infravermelho”.
P: O que se observa na imagem revelada nesta quarta-feira?
R: “Por definição, um buraco negro não pode ser visto. E nunca poderá ser visto.
Mas sabemos que o disco de acreção – a matéria que cerca o buraco negro e que compreende gás extremamente quente e restos de estrelas decompostas pelo entorno gravitacional – é relativamente brilhante.
Esta matéria pode ser detectada antes de ser engolida pelo buraco negro. A ideia era observar o buraco negro por contraste.
O que vemos na imagem é a sombra do ponto de ‘não retorno’ (batizada horizonte dos eventos) de um buraco negro sobre o disco de acreção brilhante.
Estas observações permitiram determinar que o buraco negro supermaciço da galáxia M87 tinha uma massa 6,5 bilhões de vezes superior à do Sol, um raio de 22 microssegundos de arco e que girava no sentido dos ponteiros do relógio.
Da Terra, nós o vemos a 60 graus.”
P: O que vem depois?
R: “Como tudo saiu muito bem em 2017, vamos começar de novo.
O ‘Event Horizon Telescope’ seguirá evoluindo nos próximos anos, sobretudo, com a integração de novos telescópios ao projeto: Noema, a segunda estação mais sensível, estabelecida nos Alpes franceses, e Greenland, na Groenlândia.
Esta imagem confirma claramente os modelos de buracos negros em rotação. Observamos exatamente o que havíamos previsto. Isto nos deixa satisfeitos.
A chave agora será definir a densidade exata da matéria que existe ao redor do buraco negro, compreender melhor o campo magnético, cujo papel é fundamental, e a maneira como a matéria gira no disco”.
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