O ex-prefeito Elinaldo Araújo - Divulgação
No último dia do ano e de seu mandato, o prefeito Elinaldo Araújo concedeu uma entrevista ao programa Bahia no Ar, apresentado por Roque Santos, na qual ele fez uma retrospectiva de sua gestão e defendeu a si mesmo, afirmando que está entregando a cidade "muito melhor do que encontrou".
"Estou falando isso que no final vou falar, porque eu sei qual é a prática do nosso adversário, eu tenho que sinalizar para o nosso povo não sofrer. Mas hoje eu tenho o sentimento que nós estamos entregando a cidade muito melhor do que nós encontramos", declarou ele, sem o menor sinal de constrangimento.
A fala de Elinaldo, que não se sustenta diante da realidade, parece quereR criar a falsa ideia de que o prefeito eleito não terá dificuldade alguma no início da gestão, o que também não é verdade, já que, além da suspensão de dezenas contratos, Caetano também enfrentará o orçamento travado, outro "presente" do time azul para o povo de Camaçari.
A “cidade muito melhor”
Elinaldo iniciou a entrevista afirmando que enfrentou “perseguições políticas” e dificuldades ao longo de sua gestão, mas que superou todos os obstáculos "sem dar desculpas". De perseguição política Elinaldo parece entender bem, já que seu grupo é autor de dezenas de denúncias politiqueiras fake news desmascaradas até Tribunal Regional Eleitoral, que deu direito de resposta diversas vezes a Luiz Caetano, durante a campanha.
Segundo Elinaldo, ele está entregando o município com todos os contratos em vigor, o que, também segundo ele, garantiria a continuidade dos serviços. "Estou entregando todos os serviços essenciais, paguei a folha, paguei o décimo [terceiro salário]. Estou deixando todas as pastas com os contratos aptos," declarou.
No entanto, os fatos indicam outra realidade. Publicações no Diário Oficial do Município ao longo do mês de novembro mostram que contratos importantes para o funcionamento de serviços essenciais foram cancelados ou suspensos por 60 dias, o que significa que, na prática, os serviços já estão paralisados, mesmo com os contratos formalmente vigentes.
Entre os cancelamentos e suspensões mais críticos estão:
- Manutenção de unidades de saúde: a suspensão de contratos de manutenção de equipamentos comprometeu a oferta de atendimento básico em diversos pontos da cidade.
- Serviços educacionais: contratos ligados à manutenção de escolas e outros serviços educacionais foram interrompidos, gerando incerteza para o início do próximo ano letivo.
- Demissão de salva-vidas: a decisão colocou em risco a segurança de banhistas, especialmente durante o verão, quando a cidade recebe grande fluxo de visitantes. No momento, a cidade tem menos de 20 profissionais atuando, quando deveria ter, no mínimo, 63.
- Transporte público: o serviço foi suspenso, afetando diretamente toda população. Apesar de oficialmente ter retornado, a população continua sofrendo com escassez de ônibus.
Saúde: melhor ou pior?
Elinaldo também afirmou que a saúde de Camaçari está "muito melhor" do que quando assumiu. “Estamos entregando com uma unidade de atendimento a mais do que encontrei”, disse Elinaldo, listando as unidades que, segundo ele, seguem em funcionamento.
A realidade, porém, é que a suspensão de contratos de manutenção, limpeza e fornecimento de insumos básicos inviabiliza o pleno funcionamento das unidades. Relatos de moradores apontam para filas, falta de medicamentos básicos e precariedade nos atendimentos.
Além disso, a "unidade a mais" da qual ele se vangloria foi entregue agora em dezembro. Pelo visto, com o objetivo de poder contar falsas verdades.
Educação e infraestrutura
Elinaldo afirmou ainda que “todas as pastas” estão com contratos vigentes e aptos para garantir a continuidade dos serviços. No entanto, o *Diário Oficial* mostra o oposto: contratos para manutenção de escolas e infraestrutura urbana foram suspensos, deixando escolas e vias públicas em estado crítico.
Nem mesmo o cemitério foi poupado dos cortes...
Uma cidade em crise
As decisões tomadas nos últimos meses de sua gestão desenham um cenário de instabilidade para Camaçari. A interrupção de serviços essenciais e a demissão de centenas de trabalhadores – incluindo salva-vidas, profissionais da saúde e da educação – mostram que o município não está, como Elinaldo afirma, “pronto para ser governado sem desculpas.”
Ao invés de garantir a continuidade dos serviços, como prometido na entrevista, o prefeito parece ter priorizado medidas de contenção de gastos e cortes que impactaram diretamente a população. Moradores, especialmente os mais vulneráveis, enfrentam as consequências de uma gestão que não cumpriu seu compromisso de manter os serviços públicos funcionando plenamente.
Contrapontos ignorados
Embora Elinaldo tenha apontado o que considera conquistas de sua gestão, a entrevista ignorou a repercussão negativa de suas medidas. A população de Camaçari, amplamente afetada pelos cortes e suspensões, cobra respostas. Nas redes sociais, as críticas e o descontentamento refletem o sentimento de abandono e descaso.
Diante de tantas evidências, a promessa de uma cidade "muito melhor" soa mais como uma tentativa de apagar um legado de retrocessos. Resta agora ao novo grupo que assumirá a prefeitura lidar com os desafios deixados por uma gestão marcada por cortes e polêmicas, enquanto a população aguarda por um recomeço mais comprometido com suas reais necessidades.
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