Embarcação, Juracy Magalhães, servirá como habitat para corais e diversas espécies marinhas (Foto: Matheus Landim/GOVBA)
Em Salvador, um ferryboat de 53 anos de idade, que ficou fora de operação após quase 46 anos de serviço, foi afundado de forma controlada nesta sexta-feira (21) para se transformar em um recife artificial. A embarcação, chamada Juracy Magalhães, agora servirá como habitat para corais e diversas espécies marinhas, além de impulsionar o turismo de mergulho na capital baiana.
A ação foi realizada pelo Governo do Estado, através da Secretaria do Turismo (Setur) e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), em parceria com a Marinha do Brasil.
Um novo lar para a vida marinha
O ferryboat foi afundado a quatro quilômetros da costa, na região do Largo da Mariquita, no Rio Vermelho, a 30 metros de profundidade. Antes do naufrágio, a embarcação passou por uma série de inspeções para garantir que não haveria impactos negativos ao meio ambiente. Foram realizados estudos de sedimentos, análises da biodiversidade local e quatro vistorias para remover possíveis resíduos ou espécies invasoras.
Segundo o biólogo Marcelo Peres, do Inema, em apenas um ano a estrutura do ferry já estará coberta por corais e abrigando diversas espécies marinhas. "Nossa expectativa é muito positiva tanto para a biodiversidade quanto para o turismo do estado. O local foi cuidadosamente escolhido para minimizar impactos e maximizar os benefícios ambientais", explicou.
Impacto no turismo e na ciência
O afundamento do Juracy Magalhães faz parte de um projeto maior que visa transformar Salvador no maior parque de turismo de mergulho urbano do mundo. Desde 2020, nove embarcações já foram naufragadas de forma controlada na região, incluindo o ferry Agenor Gordilho e um navio de reboque. Essas estruturas atraem mergulhadores amadores e profissionais, além de servirem como laboratórios para estudos científicos.
O secretário do Turismo, Maurício Bacelar, destacou que a iniciativa tem um duplo benefício: ambiental e econômico. "Nossas embarcações afundadas estão próximas da costa, o que permite que mergulhadores amadores, com pouco treinamento, tenham a experiência de explorar esses recifes artificiais. Isso coloca Salvador no mapa global do turismo de mergulho", afirmou.
Experiência positiva com o ferry Agenor Gordilho
O sucesso do projeto pode ser visto no caso do ferry Agenor Gordilho, afundado em 2020. Segundo Tania Corrêa, instrutora de mergulho e empresária do setor, a embarcação já está completamente coberta por corais e abriga espécies ameaçadas de extinção. "Um recife artificial é como uma casa para os animais marinhos. O Agenor Gordilho hoje é um ponto de mergulho incrível, que atrai turistas do mundo todo. Isso dá um upgrade no turismo local e ajuda a preservar a natureza", destacou.
Desde o afundamento do Agenor Gordilho, a procura por atividades de mergulho em Salvador aumentou 435%, segundo dados da Setur-BA. O crescimento consolida o turismo náutico e de mergulho como segmentos importantes para a economia do estado.
História do ferry Juracy Magalhães
O ferry Juracy Magalhães começou a operar em 5 de dezembro de 1972, realizando a travessia entre Salvador e Itaparica. Com 71 metros de comprimento e aproximadamente 800 toneladas, a embarcação foi retirada de circulação em 16 de novembro de 2018, após quase cinco décadas de serviço. Agora, em vez de transportar passageiros, o ferry será um refúgio para a vida marinha e um ponto de atração para mergulhadores.
(Foto: Matheus Landim/GOVBA)
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