Mulheres negras enfrentam as maiores disparidades salariais (Foto: Freepik)
Na Bahia, as mulheres estudam mais, mas continuam ganhando menos que os homens, especialmente as mulheres negras, que enfrentam as maiores disparidades salariais. Essa é uma das conclusões de um estudo recente da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), baseado em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE.
A análise foi divulgada pelo SEI nesta sexta-feira (7) e usou dados de 2023.
Disparidade salarial e o impacto sobre mulheres negras
Segundo o levantamento, as mulheres baianas estudam mais que os homens, mas isso não se traduz em igualdade no mercado de trabalho. Enquanto 36,3% das mulheres concluíram o ensino médio (contra 33,4% dos homens) e 15,1% têm ensino superior (frente a 10,2% dos homens), elas representam apenas 43,2% da força de trabalho, embora sejam maioria na população em idade para trabalhar (52,2%).
Essa menor participação no mercado é acompanhada por uma desigualdade salarial significativa: as mulheres ganham, em média, R$ 1.935, enquanto os homens recebem R$ 2.052 — valor acima da média geral do estado, que foi de R$ 2.004 em 2023.
A situação se agrava quando consideramos a questão racial. As mulheres negras são as mais prejudicadas: elas recebem, em média, R$ 1.742, o que corresponde a apenas 58,2% do salário médio dos homens brancos (R$ 2.991) e 63,4% do salário médio das mulheres brancas (R$ 2.749).
Esse abismo salarial revela que a raça tem um peso ainda maior que o gênero na desigualdade. Homens negros, embora tenham média salarial abaixo dos homens brancos, também estão cima das mulheres negras: R$ 1.845.
Dificuldades para se firmar no mercado de trabalho
O mesmo estudo aponta algo que não é novidade: as mulheres enfrentam várias barreiras para se consolidar no mercado de trabalho. Uma delas é a dupla jornada, já que muitas precisam conciliar o trabalho remunerado com os afazeres domésticos e o cuidado de crianças, idosos e doentes. Essa sobrecarga de tarefas é historicamente atribuída às mulheres, o que limita suas oportunidades de crescimento profissional.
Segundo Lucigleide Nascimento, coordenadora de Pesquisas Sociais da SEI, "as responsabilidades domésticas e de cuidado recaem principalmente sobre as mulheres, seja por meio do trabalho não pago ou do trabalho pago, mas pouco valorizado". Essa realidade é refletida nos números: 50% das mulheres jovens (14 a 29 anos) que não estudam nem trabalham justificam essa situação pela necessidade de cuidar da casa ou da família.
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