Maternidade de Camaçari. No quadro menor, Jamile Santos, autora da denúncia - Fotomontagem CFF
A família de Amanda Conceição dos Santos (24), que perdeu o bebê após uma cesariana na Maternidade de Camaçari denuncia a unidade por negligência médica. Segundo relatos de Jamile Santos (28), irmã da vítima, a gestante procurou atendimento dias antes do parto fatal devido a dores e pressão alta, mas teria sido liberada sem a devida assistência. Jamilie, em entrevista ao Camaçari Fatos e Fotos (CFF), na tarde desta terça-feira (04), chegou a dizer que o médico teria dito inicialmente se tratar dum "mioma".
De acordo com a familiar, a mulher buscou atendimento médico na quinta-feira, 30 de janeiro, em Monte Gordo, e foi orientada a ir à Maternidade de Camaçari para exames mais detalhados. No entanto, ao chegar na unidade, teria recebido atendimento precário, sendo informada de que não havia necessidade de internação. Mesmo com a pressão arterial alterada. Antes disso, mesmo tento sido encaminhada pela UPA - o que já deixa claro a gravidade da situação - ela foi mantida em espera por quase um dia, sem alimentação, até ser liberada na sexta-feira de manhã.
Hipertensão?
Jamile Santos relatou que, ao retornar à maternidade pela segunda vez, dois dias depois do primeiro atendimento, uma cesária de emergência teve que ser realizada. Ainda segundo ela, o médico que à atendeu informou hipertensão materna como causa da perda do bebê. No entanto, Jamile questiona essa justificativa, relembrando que sua irmã já havia dado entrada no hospital anteriormente com a pressão alta e que o médico da unidade teria minimizado sua condição.
Segundo Jamile, que, na entrevista que deu ao CFF, defendeu como 'boas' as técnicas de enfermagem que atenderam sua irmã, na primeira visita os médicos teriam dito que a pressão oscilante era apenas um efeito da gestação e desconsiderado a necessidade de internação. “Eles disseram que ela estava lá porque queria, que não tinha nada grave, que a pressão dela só oscilava por conta da gravidez”, afirmou.
Ainda conforme o relato da irmã da parturiente, nessa primeira visita, após um longo período de espera, os médicos realizaram uma ultrassonografia e afirmaram que estava tudo bem, contrariando o obstetra que havia encaminhado a paciente. “Disseram que o médico era doido, que ela não precisava estar ali”, relatou Jamile. Diante dessa posição, a família confiou na avaliação médica e retornou para casa.
No dia 3 de fevereiro, a gestante voltou a sentir fortes contrações e procurou a UPA de Monte Gordo, de onde foi encaminhada novamente à maternidade. Ao chegar lá, permaneceu em espera mesmo apresentando três centímetros de dilatação. Somente após mais uma longa espera, foi realizada a cesariana de emergência. O bebê, no entanto, nasceu sem respirar.
“O bebê estava muito agitado na barriga. Ele estava muito agitado porque ele já estava em sofrimento, sofrimento fetal. Eu não sou médica, mas eu já tive duas filhas e eu sei quando vocês estão sendo negligentes”, lamentou Jamile.
Jamile Santos relatou o desespero da irmã, que permaneceu com o bebê morto nos braços (foto), sem aceitar entregá-lo. A familiar alega que o quadro de sofrimento fetal poderia ter sido evitado se a gestante tivesse recebido o atendimento adequado nos dias anteriores. “Minha irmã estava lá, eles disseram que não havia necessidade de fazer nada, que ela veio porque quis. Agora, ela está sem o filho nos braços”, desabafou.
Santos exige uma investigação sobre o caso e pretende acionar a Justiça para responsabilizar os envolvidos. “Nenhuma mãe merece passar por isso. Meu sobrinho não vai voltar, mas vamos lutar para que outras famílias não passem pelo mesmo sofrimento”, afirmou, inconformada, Jamile Santos.
O CFF tentou, mas até o fechamento desta reportagem, nenhuma autoridade atendeu ou se pronunciou a respeito.
Amanda Conceição com o filho perfeito, nascido com mais de 3kg, porém morto, nos braços, sem querer entregá-lo às técnicas - Foto cedida
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