Na última quarta-feira (1º), o vereador Niltinho (PRD), eleito presidente da Câmara Municipal de Camaçari, com Elias Natan (PSDB) no cargo de vice-presidente, fez um discurso que chamou atenção pela tentativa de conciliação e compromisso com a população, destacando uma postura que contrasta com a de seus colegas da oposição, conhecidos pelo tom agressivo.
Em seu pronunciamento, o novo presidente enfatizou sua trajetória política e pessoal, além de reafirmar seu papel como representante de toda a cidade. "Aqui poderemos representar, como sempre falamos, toda favela de Camaçari, todos os quatro lados de Camaçari, do Mangueiral ao Parque Verde e Massaranduba; de Parafuso a Barra do Pojuca", disse, reforçando seu compromisso em ouvir e trabalhar em favor das demandas da população, independente da localização ou classe social ou idealismo político.
Ao se dirigir ao prefeito Luiz Caetano (PT), Niltinho demonstrou abertura ao diálogo e afastou o tom de enfrentamento adotado por outros vereadores da oposição. "Apesar de nós sermos oposição ao senhor, a intenção dos 12 ou dos 23 não é atrapalhar a administração do senhor. O que for de bom para a população de Camaçari, tenha certeza, o que chegar aqui nessa casa vai ser aprovado, porque nós estamos levando o bem para a população", afirmou.
Relembre o caso
As declarações de Niltinho contrastam diretamente com os discursos inflamados de seus colegas de oposição. Em outubro, durante uma sessão na Câmara, vereadores aliados do ex-prefeito Elinaldo Araújo (União) e do ex-candidato Flávio Matos deixaram claro que pretendem inviabilizar a gestão de Caetano.
Jamessom (União Brasil) foi um dos mais polêmicos, afirmando, enquanto esibia uma calçina vermelha, que Caetano teria de "sentar no colo" do próximo presidente da Câmara para conseguir governar. "Já começamos as articulações, o próximo presidente dessa casa vai ser nosso. Anotem aí, pra governar aqui, já tô lhe avisando, quando você mandar suas mensagens, seus projetos, vai ter que sentar no colo do próximo presidente. Vai ser desse jeito. Se quiser viabilizar secretaria, se quiser fazer obra, se quiser fazer qualquer coisa", voziferou.
Dudu do Povo (União Brasil) também adotou um tom combativo, mas não desrespeitoso: "Quem ganhou governa e quem ainda está no processo somos nós, para ditar as regras da fiscalização. Quem tá pensando que vai deitar e rolar na nossa cidade pode pegar seu cavalinho e tirar, porque tem vereador da favela aqui dentro. Quero dizer que o Executivo vai administrar. E quem manda na cidade com as pautas é a Casa Legislativa. É aqui que dita regras", disse ele.
Dr. Samuka (União Brasil), por sua vez, reforçou a posição combativa da oposição sobre a gestão municipal. "Vocês ganharam o Executivo, mas o Legislativo quem tem o controle somos nós. Se preparem, porque nós estamos com um exército preparado aqui pra fazer oposição e vocês não sabem o que é oposição. Nós vamos prezar pela autonomia legislativa e vamos ditar o compasso desse governo que entrou aí", afirmou.
Um tom de conciliação
Diferente de seus colegas do União Brasil, Niltinho sinalizou que sua gestão na presidência da Casa Legislativa poderá caminhar em outra direção, com foco na cooperação e na aprovação de pautas que beneficiem a cidade. “Tenho 1.822 votos, mas hoje estou, vereador dos mais de 300 mil habitantes dessa cidade e gerente dos 23 vereadores desta casa”, destacou ele.
O discurso de posse do novo presidente abre espaço para um tom mais conciliador, que pode ser um diferencial importante nos próximos anos, mesmo em um cenário de oposição majoritária.
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