A resposta para a pergunta “Você gosta do Metallica?” era quase a mesma para os maiores fãs do quarteto californiano: “só do antigo”. O desejo de rever a agressividade da banda após discos mais densos como o Black Album (91) ou fiascos, do ponto de vista dos fãs mais tradicionais, como Load (95), Reload (97) e St. Anger (2003) acendeu uma luz com Death Magnectic (2008) mas pode-se dizer que foi prontamente atendido com Hardwired... Self-Destruct, novo álbum do grupo, lançado em meados de novembro.
O bate-cabeça está garantido seja na versão usual do disco, duplo (R$ 47,90/Blackened), ou na versão deluxe, com direito a covers e faixas ao vivo. “Eu sinto que sonoramente este é o melhor álbum que o Metallica já fez. É um novo começo”, afirma o baixista Robert Trujillo, em seu segundo trabalho de estúdio com o Metallica. Hardwired... também marca a estreia da banda em selo próprio, o Blackened.
O disco novo ainda antém algumas amarras ao estilo do Detah Magnetic ou da dupla Load/Reload, mas traz de volta elementos deixados nos anos 80 pela banda, como os solos dobrados ou a rapidez da caixa do baterista Lars Ulrich. Ainda que a voz de James Hetfield tropece ao vivo - menos que a bateria de Ulrich -, os vocais são fortes, com letras tão agressivas como os riffs de guitarra de Kirk Hammet. Um grande detalhe, que até passa despercebido num primeiro momento, é que não há baladas, ao menos na versão dupla do CD. Na deluxe, há o cover de When a Blind Man Cries, do Deep Purple, originalmente no disco Re-Machined: A Tribute to Deep Purple’s Machine Head (2012).
No mais, a pancadaria corre à vontade. A faixa-título abre o disco de forma agressiva e já dá pra imaginar a roda de ponga comendo solta. Atlas, Rise! é, seguramente, uma das melhores canções que o Metallica já fez. Possui todos os elementos que fizeram da banda a maior de metal do mundo: guitarras dobradas, riffs pesados, métrica quebrada, troca de base nos solos e bateria rápida.
Now That We’re Dead e Moth Into Flame, principalmente, completam um quarteto de canções matador do primeiro disco, que ainda possui Dream No More (que traz uma lembrança da época do Load, com seus vocais graves e dobrados) e Halo on Fire. Menos rápido, o segundo disco, também com seis canções, apresenta um Metallica mais parecido com o dos anos 90, excetuando-se Spit Out the Bone, veloz como no início dos anos 80.
O terceiro disco, da versão deluxe, além de When a Blind Man Cries, conta com covers do Iron Maiden (Remember Tomorrow, sem os agudos), Ronnie James Dio (Ronnie Rising Medley) e a já clássico Helpless, do Diamond Head. Também estão lá oito canções ao vivo apenas dos álbuns Kill ‘em All (1983) e Ride the Lightning (1984) - um indício da sonoridade do resto -, uma versão ao vivo de Hardwired... To Self-Destruct e Lords of Summer, música tocada pela primeira vez em 2014 e que ficou de fora do álbum normal.
A recepção de Hardwired... no mundo todo foi muito boa e contou com ampla estratégia de divulgação do Metallica. Primeiro, o grupo soltou três singles, em agosto (Hardwired...), setembro (Moth Into Flame) e outubro (Atlas, Rise!). Dias antes do lançamento oficial, o quarteto também promoveu uma ação inédita. Todas as outras nove músicas, além de Lords of Summer ganharam clipes, dirigidos por diretores diferentes. Eles foram lançados em 16 de novembro, a cada duas horas, por meios de comunicações de diferentes países. Tudo sendo coberto pelas redes sociais da banda.
Ouça 'Hardwired':
Brasil
O disco estreou em primeiro nas paradas de quase 30 países, incluindo o Top 200 da Billboard, vendendo 300 mil cópias na primeira semana e já é considerado um dos melhores do ano em revistas especializadas.
Os brasileiros poderão conferir de perto as canções de Hardwired... em 2017, quando o Metallica vem ao país pela nona vez - a sexta desde 2010. O quarteto será um dos headliners do Lollapalooza, que acontece nos dias 25 e 26 de março (o Metallica toca no primeiro dia).
Os ingressos, ainda à venda, custam R$ 540 (inteira).É demais. Por isso que a gente sempre volta. A gente já fez mais Rock in Rio do que qualquer outra banda, e não apenas os que aconteceram no Rio. Temos uma relação de longa data com amigos brasileiros desde 1989, quando tocamos por três noites no Rio e tem sido ótimo”, disse Lars ao Estado de S. Paulo.
< Anterior | Próximo > |
---|