Missão de Pico da China no Monte Everest, que os chineses chamam de Qomolangma. CGTN - Missão de Pico da China no Monte Everest
Segundo levantamento, oito pessoas morreram e 180 ficaram feridas em acidentes nos últimos cinco anos no Parque Nacional da Indonésia. Além disso, é dito e sabido que o país – que sequer tem Corpo de Bombeiros – não oferece estrutura alguma para os montanhistas. Segundo consta, tudo por lá é feito de maneira informal, sem credenciamento algum por parte dos operadores deste tipo de passeio.
Enfim, a aventura que a alegre e bem disposta Juliana Marins se meteu é, de fato, extremamente perigosa. Ela, seus amigos e todos que se arvoraram por lá sabiam muito bem disso. E tem mais. Apesar da sua morte e de todas as outras, jovens de todo o mundo continuarão a escalar o vulcão Monte Rinjani, assim como escalam o Monte Everest, considerado muito mais perigoso.
Sobre o fato, texto desta quarta-feira (25), nesta Fórum, aponta que cerca de 200 corpos congelados jazem no Everest. Mais assustador ainda é o depoimento de Bonita Norris, recordista britânica de alpinismo. Segundo ela, há uma regra secreta entre os alpinistas que escalam o local: deixar os mortos para trás.
"Porque ela está lá"
Afinal de contas, diante de tantos riscos, a pergunta que está no título deste texto é inevitável: por que pessoas se divertem e insistem em locais de alto risco, como o vulcão Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia, onde morreu Juliana?
A resposta mais clássica é atribuída ao montanhista britânico George Mallory, ele mesmo morto em 1924, no Monte Everest. Perguntado por que escalar montanha tão perigosa, ele simplesmente respondeu "porque ela está lá".
A resposta de Mallory, que em um primeiro momento parece uma piada, traz em si algo inerente à raça humana, ou seja, a necessidade da conquista, de vencer obstáculos, independentemente do fato de que isto tenha algum resultado prático ou útil. A própria Bonita Norris justificou seu desejo em escalar o Everest após descobrir que de lá poderia ver a curva da Terra.
O que diz a neurociência
Por conta das mortes, em setembro do ano passado, de Rodrigo Raineri e Marcelo Delvaux, vítimas de acidentes em montanhas, o neurocientista Ricardo Reis, chefe do Laboratório de Neuroquímica do Instituto de Biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez algumas considerações a respeito disto em entrevista ao Globo.
Segundo ele, se não fossem os primeiros humanos com espírito explorador, ainda estaríamos sentados à volta de fogueiras nas savanas africanas, como nossos ancestrais há dezenas de milhares de anos.
Na mesma reportagem, é citado artigo da “Medicine and Sports” em que os psicólogos Matt T. G. Pain e Matthew A. Pain, ambos da Escola de Ciências do Exercício e do Esporte da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, afirmam:
“Fortes evidências sugerem que a inclinação a tomar riscos está programada no cérebro e ligada aos mecanismos de excitação e prazer. Tal comportamento pode ter garantido nossa sobrevivência como espécie e nosso espalhamento pelo planeta.”
O brasileiro Amyr Klink
De fato, não são poucos os aventureiros que correm riscos enormes circundando o planeta em busca do desconhecido. Um dos nossos exemplos mais fundamentais é o do navegador e escritor brasileiro Amyr Klink. Este que vos escreve, incapaz de atravessar um matagal de 300 metros, devorei seus livros todos do começo ao fim. E, se me perguntarem por que, a única resposta possível é "porque eles estavam lá".
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