Em: 26/06/17 - 14:39
Fonte:
Correio da Bahia
Editoria:
Economia
A conta já é conhecida: um anúncio promete limpar o nome de consumidores inadimplentes no SPC e na Serasa, mais uma pessoa desinformada é igual a mais um golpe aplicado. Apesar de conhecida, a conta sempre acaba se repetindo.
É isso o que aponta levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Segundo a pesquisa, 60% dos brasileiros inadimplentes que contrataram esse tipo de serviço (“limpamos seu nome no SPC e na Serasa”) não tiveram o problema resolvido. E o pior: apenas 28,5% receberam o dinheiro de volta.
De acordo com a pesquisa, 33% das vítimas descobriram a empresa pela internet, 31% receberam indicações de amigos e parentes, 13% viram os anúncios em jornais, 12% passaram em frente à empresa, 7% foram abordadas diretamente na rua e 4% receberam panfletos.
Ainda segundo o levantamento, 48% dos entrevistados mostraram-se arrependidos de ter contratado a assessoria para se livrar das dívidas.
O diretor de negócios e operações da Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL-Salvador), Felipe Sica, alerta que a população deve ficar atenta às promessas de milagres. Felipe faz questão de ressaltar que, tanto a inclusão quanto a exclusão dos nomes no SPC (ou em outra empresas de cadastro), são feitos mediante pedido da empresa credora ao órgão.
“Não há intermediários nesta negociação. Eventualmente, estas empresas podem terceirizar o serviço de cobrança, mas o nome só vai sair dos registros (do SPC) após a empresa credora fazer o pedido”, explicou o diretor ao CORREIO. Ele aconselha ainda que as pessoas que têm dívidas procurem as empresas ou o SPC.
Promessas virtuais
Em relação às fraudes cometidas pela internet, Felipe conta que muitas mensagens, geralmente divulgadas por e-mail, sequestram dados dos usuários que acessam essas comunicações. “Muita gente cai no golpe por falta de conhecimento. Por isso que as pessoas devem estar atentas e não acessar esses sites ou abrir mensagens suspeitas (na caixa de e-mail)”, diz o diretor de negócios e operações da CDL - Salvador.
Ainda segundo Felipe Sica, 99% das comunicações do SPC são feitas através de cartas enviadas pelos Correios. Ele conta que um projeto-piloto de comunicação via e-mail está sendo testado pelo SPC com duas empresas associadas.
“Ainda estamos em fase de aprimoramento e o trabalho está sendo feito com muito cuidado para que, quando ele entrar em ação, as mensagens enviadas não sejam classificadas como spam”, conta.
O SPC destaca que contratar uma empresa de negociação para quem já está endividado é um mau negócio, sobretudo, porque a pessoa ganha mais uma dívida para pagar, uma vez que os serviços contratados não são gratuitos.
De acordo com a pesquisa, 28,5% daqueles que contrataram uma empresa, mas não tiveram o nome limpo, conseguiram todo o dinheiro de volta. Outros 34% recuperaram parte dos recursos e 37,4% não recuperaram nada.
Outro problema destacado por Felipe é o desconhecimento de aspectos importantes a respeito do serviço que promete a retirada de nome do consumidor inadimplente dos cadastros negativos de crédito, a exemplo do custo.
Cerca de 50% dos consumidores que contrataram as empresas que oferecem esse serviço não sabem ou não se lembram quanto pagou (55,6%). A maior parte dos que se lembram (22,9%) desembolsou até R$ 300, enquanto 12,8% pagaram entre R$ 300,01 e R$ 1.000.
Para tirar o nome do cadastro negativo dos órgãos de proteção ao crédito, o educador financeiro Edval Landulfo aconselha uma faxina nas finanças. A medida inclui rever gastos, replanejar o orçamento e até mesmo buscar uma atividade extra para melhorar a receita mensal.
“A primeira coisa é levantar todas essas dívidas. Passar um pente-fino mesmo e identificá-las junto aos órgãos de proteção ao crédito”, diz. “Em seguida, é fazer as contas, rever o orçamento e planejar quanto pode ser destinado a estas negociações, sem que isso comprometa as despesas fixas”.
Para o educador financeiro, vale a pena barganhar a redução de juros durante a negociação direta com as empresas credoras. “Por causa da crise econômica, muitos credores estão dispostos a negociar e a abater parte dos juros cobrados, muitas vezes até mesmo a sua totalidade, para que a dívida seja quitada”.