A maior tentação neste momento pós-eleições municipais é analisar “quem ganhou e quem perdeu” para produzir algum vaticínio sobre 2018. Os números são eloquentes. O PSDB teve uma estupenda vitória nos maiores centros urbanos do país.
Elegeu 29 prefeitos nas 93 cidades mais importantes do país (o grupo das 26 capitais e 67 municípios com mais de 200 mil eleitores). Trata-se de um recorde histórico para o PSDB. Já o PT atrofiou barbaramente.
Chegou a ter 25 das principais cidades em 2008. Agora, conquistou apenas um - Rio Branco (AC). O petismo foi empurrado para os grotões do país.
O PMDB está onde sempre esteve, no centro e pronto para aderir a quem representar perspectiva de poder futuro.
Tudo considerado, de acordo com os dados do primeiro parágrafo, pode-se inferir que o PSDB se qualificou como a grande força para a sucessão presidencial de 2018.
Essa análise não está errada, mas não mostra a floresta completa. Fazer um prognóstico para a eleição presidencial usando o resultado das eleições municipais é uma interpretação pedestre da realidade.
O fato mais relevante das disputas municipais de 2016 foi a vitória esmagadora da antipolítica, da negação dos partidos.
Se um estrangeiro chegasse agora ao Brasil e perguntasse como está a política por aqui, bastaria dizer o seguinte: “Analise o perfil dos vitoriosos nas três principais capitais da região Sudeste: São Paulo, Rio e Belo Horizonte”.
João Dória é do PSDB e será prefeito de São Paulo. Ganhou dizendo diariamente que não era político, mas sim um “gestor”. No Rio, o vencedor é um bispo licenciado da Igreja Universal, Marcelo Crivella (PRB).
Ele entrou para a política obrigado por sua denominação religiosa. Em Belo Horizonte, o prefeito em 2017 será Alexandre Kalil (PHS), cuja vivência política se deu como presidente do Atlético, um time de futebol de Minas.
Nunca após a redemocratização do Brasil essas três capitais tiveram prefeitos eleitos ao mesmo tempo com discursos tão distantes da política.
Outro dado relevante: o partido médio que mais cresceu no vácuo deixado pelo PT foi o pragmático PSD, de Gilberto Kassab. Sem coloração ideológica definida, essa sigla é o epítome do momento de “delenda política”.
É claro que o PT sai muito fragilizado da atual disputa. O partido era o único que ostentava desde 1996 o fato de sempre eleger em cada pleito mais prefeitos e vereadores do que na eleição anterior.
Agora, pela primeira vez em 20 anos, os petistas encolheram nos municípios. A sigla de Luiz Inácio Lula da Silva chegará em 2018 com menos cabos eleitorais nas cidades. Elegeu 2.801 vereadores neste ano.
Em 2012, o número havia sido 5.185. Mas apenas a contabilidade das disputas municipais deste ano não retira o PT do páreo nem garante de maneira incontornável um nome do PSDB como favorito em 2018 na corrida pelo Planalto.
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