Crime foi durante festa de comemoração de Bolsonaro; quatro foram baleados (Foto: Reprodução)
Um vídeo mostra o exato momento em que o policial militar Manoel Landulfo Sampaio Salvador, 36 anos, dispara contra pessoas que estavam reunidas na Barra em comemoração à vitória de Jair Bolsonaro (PSL), eleito presidente no último domingo (28). Na imagem, é possível ver nitidamente pelo menos dois disparos seguidos de uma correria.
No total, quatro pessoas foram feridas pelo policial. Ele foi preso no mesmo dia e teve o flagrante convertido para prisão preventiva na tarde desta segunda-feira (29).
A filmagem foi feita de cima do trio que tocava na hora - o veículo estava parado em frente ao Farol da Barra. O vídeo tem a duração de 29 segundos. Manoel aparece com uma camisa branca e uma bolsa transpassada no peito, entre o lado direito do trio o farol.
O vídeo mostra uma discussão entre o PM e um rapaz que está vestido com uma camisa amarela - semelhante à da Seleção Brasileira.
Segundo uma testemunha ouvida pelo CORREIO nesta terça-feira (30), o motivo foi o fato do PM ter agredido fisicamente um ambulante, que aparece nas imagens próximo ao trio com a camisa escura pendurada no ombro. Em seguida, o soldado dá um tapa no rosto do rapaz vestido com a camisa amarela e logo depois saca a arma e atira pelo menos duas vezes.
Em versão apresentada à Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares (Aspra-BA), o PM disse que atirou porque tentaram tomar sua arma, o que a imagem, a princípio, não mostra.
Depois dos primeiros disparos é possível ver o momento da correria e Manoel parado, olhando em direção ao Farol da Barra. O policial foi preso no mesmo dia.
Outros feridos
Pouco antes de balear as vítimas, Manoel exibia a arma para a multidão. “O PM já tinha sacado a arma para se exibir. A arma estava na cintura. Mas ele guardou quando viu um ambulante negro caminhando na direção dele, dançando sem isopor. Foi quando ele deu o primeiro tapa”, contou a testemunha, um homem que estava a cinco metros do policial. Ele, a mulher e irmãos presenciaram toda a situação.
“O policial tentou agredir novamente o ambulante com um soco que perguntou o porquê da agressão gratuita, mas o policial escorregou e caiu. Deu para ver nitidamente que estava sob efeito de alguma droga. O lance dele estava bem nítido. Os olhos estavam esbugalhados e rangia os dentes”, contou a testemunha.
Diante da covardia, as pessoas que estavam no entorno começaram a reclamar da agressividade do policial. “‘O que é isso rapaz?’ ‘Pra que isso?’. É esse o momento em que o vídeo mostra. Então, fui chamar uma viatura que estava atrás do trio. Quando retornei com os policiais, ele já havia efetuados os tiros. Vi um casal ferido”, relatou a fonte.
Manoel foi abordado pelos policiais militares acionados pela testemunha. “Ele (Manoel) se identificou: ‘Sou Papa-Mike (gíria usada por polícias e significa policial militar), sou da casa, sou da casa’. Os policiais não o algemaram e conversavam com ele como se fossem amigos. Foi aí que eu o imobilizei com uma gravata e disse que só o soltaria quando os policiais o colocassem na viatura”, contou a testemunha.
O soldado foi colocado dentro de uma viatura. "Somente dentro da viatura, a arma dele foi tomada", completou a fonte.
Ambulante
Nesta segunda-feira (29), o CORREIO também conversou com uma ambulante, uma das vítimas que foi baleada pelo policial. Temendo represália, ele preferiu não se identificar.
A ambulante e um outro ferido foram socorridos ao Hospital Geral do Estado (HGE). Ela teve alta no mesmo dia e disse que o policial agiu como uma pessoa "maluca e desequilibrada" e também afirmou que, após atingir as pessoas, ele continuou atirando a esmo. Segunda vítima baleada que deu entrada na unidade é Daniel Duarte Weber, 25. Não há informações sobre o estado de saúde dele.
O militar, que alega ter atirado de forma acidental, foi ouvido em audiência de custódia na Central de Flagrantes, na Avenida ACM, e já foi transferido para o Complexo Penitenciário da Mata Escura, onde deve aguardar o julgamento. Manoel vai responder por tentativa de homicídio qualificado, além de lesões corporais.
As outras duas pessoas, levadas para o Hospital Português, não foram identificadas. O CORREIO procurou a unidade particular, que disse que não poderia fornecer informações concretas sem os nomes dos feridos.
Veja o VÍDEO
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