A esteticista Isaneide Sousa Teles, 28 anos, ainda segurava a mão do filho de 9 anos, quando foi surpreendida pelo ex-namorado Hebert Lucas armado, na porta de casa na última terça-feira (8), no bairro de Cidade Nova. Segundo a família, Neide, como era conhecida, tinha voltado da padaria e estava entrando em casa quando o estofador disparou três vezes contra ela.
Isaneide foi atingida por dois disparos: um na cabeça, outro no braço. Desesperado, o filho começou a gritar, pedindo socorro aos vizinhos, que vieram acudir a esteticista. “Ela saiu da padaria com o filho, segurando na mão do filho. Quando ela chegou em casa, ele (Hebert) já estava de tocaia esperando ela. Os vizinhos viram que ele estava esperando”, contou o tio da esteticista, o segurança Jacob Farias Teles, 55. Ela estava internada no Hospital Geral do Estado (HGE) desde terça, mas não resistiu e morreu na noite desta quarta-feira (9).
Segundo a família, Hebert não se conformava com o fim do relacionamento de três anos e já tinha feito ameaças antes. “Tem três meses que eles se separaram, ele tinha ameaçado ela. Meu irmão foi conversar com ele, pedir que deixasse ela em paz, já que ela não queria mais. E ele disse que tudo bem, que ia deixar ela em paz”, completou o tio.
Isaneide morava com o filho e com a mãe, a passadeira Anedite Maria de Sousa, 58. Ela diz que viu apenas uma situação em que o estofador foi violento com a filha. “Eu só vi ele ser violento com ela uma vez, ouvi um barulho em casa e quando cheguei, ele estava empurrando ela. Ainda aconselhei: 'quando está assim, é bom se separar, porque não dá mais certo'”, contou Anedite.
O casal se conheceu na Cidade Nova e morava em ruas próximas. “Eles sempre iam em barzinhos por aqui mesmo”, completou. Segundo ela, a esteticista tinha um comportamento calmo. “Minha filha era muito calma, muito quieta, muito tranquila”, descreveu.
A passadeira estava trabalhando quando aconteceu o crime e só soube depois. Já o pai de Isaneide, o pedreiro Isac Farias, mora em uma rua próxima e ainda encontrou com Hebert, minutos após os disparos. “Depois que ele atirou, ele subiu em direção ao final da rua, aí Isac viu Hebert e ele ainda disse: 'e aí, seu Isac, tudo bem?'. Foi quando os vizinhos gritaram que ele tinha atirado em Neide e Isac desceu correndo para acudir a filha”, lembrou Jacob. Hebert desapareceu após o crime.
O filho de Isaneide, que presenciou o crime ainda está muito abalado com o que aconteceu. Agora, Anedite pensa em levar a criança para fazer um tratamento psicológico. “Penso em levar para o psicólogo, porque foi um trauma muito grande, para fazer com que ele esqueça do que aconteceu”, disse. Na casa, a passadeira encontrou hoje uma cápsula destruída.
Segundo o delegado Luis Henrique Costa, titular da 2ª Delegacia (Lapinha), o caso será encaminhado agora para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), mas já há um indicativo de autoria. “O suspeito está foragido, em tese já temos autoria. Fomos ao local de trabalho, residência, depois de ouvir diversas testemunhas que viram um ex-companheiro atirar nela. Em tese é um crime passional, que foge das ações das forças de segurança pública”.
Ainda de acordo com o delegado, o caso é enquadrado como feminicídio e a pena pode ir até 30 anos. O corpo de Isaneide será sepultado no Cemitério das Quintas, às 16h30 desta quinta-feira (10).
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