Consumo de álcool é responsável por 2,6 milhões de mortes todos os anos no mundo (Foto: Reprodução)
Uma cervejinha pra comemorar, uma cervejinha pra esquecer, uma cervejinha pra trabalhar, uma cervejinha pra relaxar e um problema sério de saúde pública disfarçado e acobertado pela legalidade.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados nesta terça-feira (25) revelam um cenário preocupante: o consumo de álcool é responsável por 2,6 milhões de mortes todos os anos no mundo - 4,7% de todas as mortes no planeta. Já o uso de drogas psicoativas, fortemente combatidas inclusive pelos adeptos de uma biritinha, responde por apenas 600 mil mortes por ano. Ou seja, o álcool mata 4,3 vezes mais que outras drogas.
Os dados fazem parte do Relatório Global sobre Álcool, Saúde e Tratamento de Transtornos por Uso de Substâncias, com base em informações de 2019. O levantamento mostra que o álcool é um inimigo silencioso, muitas vezes negligenciado por ser uma droga legalizada. No entanto, os números apontam que essa impressão de menor risco é equivocada.
"Para construir uma sociedade mais saudável e mais equitativa, devemos comprometer-nos urgentemente com ações ousadas que reduzir as consequências negativas para a saúde e sociais do consumo de álcool", alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. Quem já teve a família destruída por causa do álcool são o quão perigosa essa droga pode ser.
O relatório ainda revela que 23,5% de todos os jovens entre 15 e 19 anos declaram consumir álcool, com índices ainda mais alarmantes na Europa (45,9%) e nas Américas (43,9%). Esse crescente consumo entre a juventude é especialmente preocupante, dado o potencial destrutivo do álcool.
Além das mortes diretas, o álcool também é responsável por inúmeras doenças crônicas, acidentes e violência. Segundo a OMS, 1,6 milhões de mortes em 2019 foram atribuídas a doenças como câncer e problemas cardiovasculares causados pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
"O álcool coloca um fardo pesado sobre as famílias e as comunidades, aumentando a exposição a acidentes, lesões e violência", afirmou Tedros Ghebreyesus. "Precisamos agir urgentemente para reduzir esse problema de saúde pública que ceifa tantas vidas todos os anos."
Dados do Brasil também são alarmantes
O quadro no Brasil não é diferente. De acordo com o levantamento "Álcool e a Saúde dos Brasileiros - Panorama 2023", divulgado em julho do ano passado pelo Centro de Informações sobre Saúde do Álcool (Cisa), 45% dos brasileiros ingerem bebida alcoólica em festas, eventos sociais e até mesmo em casa. O Cisa é a maior fonte de informações no país sobre o binômio álcool e saúde.
Ainda segundo o estudo, cerca de 20% consomem álcool uma vez por semana ou a cada 15 dias, 14% uma vez por semana ou menos, 7% de duas a quatro vezes por semana e apenas 3% bebem cinco vezes ou mais.
O estudo também mostra que 25% dos jovens (18-24 anos) e 23% dos adultos jovens (25-34 anos) ingerem a substância uma vez por semana ou a cada 15 dias, as duas faixas etárias com menor nível de abstenção e maior frequência de consumo.
Apesar desses números preocupantes, 75% dos brasileiros que consomem álcool de forma abusiva acreditam que são consumidores moderados, segundo o Cisa. Isso demonstra o quanto o uso nocivo dessa droga é negligenciado e banalizado no país.
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