As surpresas envolvendo a eleição do magnata Donald Trump para presidente dos Estados Unidos não param de surgir. Uma pesquisa de boca de urna divulgada ontem mostrou, por exemplo, que 42% das mulheres que votaram na terça-feira escolheram o candidato republicano. Embora não seja uma maioria - 54% delas escolheram a democrata Hillary Clinton -, o número surpreende pelo contexto geral da eleição.
Hillary foi a primeira mulher candidata a presidente da história dos EUA, e um dos argumentos de sua campanha foi justamente a de ser a primeira mulher a ocupar o posto. Trump, por seu lado, se notabilizou por frases machistas e por um tom agressivo destilados durante toda a campanha. Além disso, ao longo dos últimos meses, foi acusado por 13 mulheres diferentes de assédio sexual. Apesar de negar todas as acusações, um vídeo mostrou o candidato dizendo a um amigo que a vantagem de ser famoso é que as mulheres se oferecem e que ele podia fazer o que quisesse com elas.
O levantamento foi feito pela empresa de consultoria Edison Research para um conjunto de veículos de comunicação americanos e para a agência de notícias Associeted Press, 24.500 pessoas foram ouvidas minutos depois delas votarem. E estudo confirma o acerto da estratégia de comunicação da campanha de Trump ao descrever o eleitor do republicano como homem, branco e de idade avançada. Desde o início das prévias republicanas, foi este o público escolhido como alvo pelos marqueteiros de Trump. Um público chamado por analistas de classe média decadente, que integra a parcela mais afetada pelo desemprego no país.
Idade e etnia
O recorte dos eleitores por faixa etária mostra que Trump foi preferido entre os mais velhos, um fator que contribuiu para sua vitória em estados-chave (aqueles com maior número de delegados), como a Flórida, que possui grande população idosa. Segundo a pesquisa, Trump foi preferido por 53% dos eleitores acima dos 65 anos, contra 45% da democrata. O mesmo percentual entre os votantes na faixa entre 45 e 64 anos, faixa em que Hillary perdeu um ponto, alcançando 44% dos votos. Hillary superou Trump tanto na na faixa dos eleitores entre 30 e 44 anos (50% a 42%) quanto na de 18 a 29 anos (55% a 37%).
Os eleitores brancos representaram 70% do votantes nas eleições deste ano. E entre este grupo, o republicano somou 58% dos votos, contra 37% da democrata. Entre as outras etnias, contudo, perdeu: por 29% a 65% entre os hispânicos; também 29% a 65% entre os asiáticos; e por 37% a 56% entre os que se declararam de outras etnias. Os números revelam a grande rejeição de Trump entre os negros, ele só obteve 8% dos votos dos eleitores desta etnia. Sua oponente obteve os votos de 88% dos eleitores desta comunidade.
Promessas
Para conquistar o eleitor masculino, branco e idoso, Trump fez um série de promessas. Entre elas medidas protecionistas, que incluíram penalidades para empresas que deixem o solo americano para operar unidades em outros países.
A ideia do candidato é que desta forma vai criar mais empregos nos Estados Unidos. Para complementar esta promessa, o republicano fez outra, garantindo uma mudança na política migratória do país, restringindo a entrada de estrangeiros, expulsando os ilegais e construindo um muro na fronteira com o México. Com este discurso, o republicano queria comunicar que as vagas das empresas nos Estados Unidos seriam, assim, preenchidas por americanos.
Se convenceu seus eleitores (os que mais compareceram às urnas), este discurso assustou o mundo, cada vez mais globalizado. Os EUA são a maior economia do mundo, e consomem produtos fabricados em diversos continentes. O fechamento deste mercado terá reflexo em empresas e trabalhadores de todo o mundo.
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