Universidade Federal da Bahia (UFBA) (Foto: Reprodução)
Desde 2003, com a aprovação da lei 10.639/2003, o ensino de História, Cultura e Literatura Africanas passou a fazer parte do currículo do ensino fundamental e médio no Brasil. No entanto, com a superficialidade do texto legislativo, o que deveria promover a ressignificação de valores ensinados de forma errônea durante séculos e fomentar o reconhecimento da identidade sócio-cultural, acabou ficando relegado, na maioria dos casos, a um conteúdo superficial.
De olho na necessidade de disseminar o conhecimento sobre as heranças sócio-culturais, artísticas e linguísticas da África no Brasil, o Núcleo Permanente de Extensão em Letras (NUPEL) e o Grupo de Pesquisa Yorubantu, ambos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) formaram uma parceria para oferecer a toda comunidade a Oficina de introdução à Língua Kimbundu, um dos idiomas tradicionais africanos.
Foram oferecidas 90 vagas para a formação que acontece nesta quinta-feira (9), das 18h às 22h, de forma gratuita e online. As vagas se esgotaram bem antes do evento. Uma mostra clara de que existe interesse popular em conhecer mais uma das culturas que tem maior influência no que chamamos de cultura baiana.
"Ações como a oficina de introdução à língua Kimbundu são importantes por vários motivos: reconhecer que os saberes fora do ambiente acadêmico são legítimos; disseminar de maneira mais ampla determinados conhecimentos; e o mais importante, que é integrar a universidade à comunidade.", avalia Lucas França, professor em formação junto ao NUPEL, graduando em Letras Vernáculas e um dos facilitadores da oficina.
Jocevaldo Santiago, também aluno pelo Nupel e co-facilitador da oficina, destaca a importância da disseminação desse conhecimento para a cultura baiana.
"Outra coisa importante é pensar essas línguas como línguas ancestrais. E porque? Dentro das várias diretrizes que eu poderia sinalizar, acredito que a mais forte é que essa é uma língua que existe aqui, que nos permeia, que nos forma, que está viva e, portanto, não é a aprendizagem de uma língua estrangeira, de um idioma estrangeiro. O kimbundo, o yorurubá, o kinkongo, o fon são línguas que formam e formatam saberes negros, saberes pretos não apenas na religião e na capoeira, mas também, para além disso, podemos perceber esses idiomas formatando a língua portuguesa. O português tem muito do kimbundu", revela.
Ainda não há previsão de novas oficinas, mas a alta procura colocou a ideia na pauta. "É algo que poderá ser realizado, até para fomentar o interesse geral pelo idioma, mas até então é incerto", revelou Lucas.
Clique aqui e siga-nos no Facebook
< Anterior | Próximo > |
---|