Na Bahia, nove milhões de pessoas, mais de 60% da população, estão recebendo os 600 reais do auxílio (Foto: Reprodução)
E quando acabar o auxílio emergencial, o que milhões de pessoas vão fazer? Vão procurar emprego, naturalmente. Mas procurar emprego onde, se milhares de empresas não resistiram ao isolamento social e fecharam as portas definitivamente? Haverá milhões de pessoas procurando emprego, afinal, segundo o IBGE, pela primeira vez na história mais da metade da população em idade de trabalhar está desempregada.
Na Bahia, por exemplo, nove milhões de pessoas, mais de 60% da população, estão recebendo os benditos 600 reais e, em agosto, quando acabar o auxílio emergencial, elas irão às ruas procurar emprego. Mas, após quase quatro meses de quarentena, mais de 60% das micro e pequenas empresas baianas, que geram cerca de 80% do emprego; o sem atividade e, destas, cerca de 50% fecharam suas portas definitivamente. Com as empresas quebradas, quem vai viabilizar emprego para a população? Muitas destas empresas fecharam exatamente porque são micros e pequenas, não possuíam reserva financeira para sobreviver e não obtiveram crédito nos bancos, que, alheios à pandemia, tornaram-se ainda mais exigentes com os clientes mais vulneráveis.
Em Salvador, existem cerca de 270 mil micro e pequenas empresas e empreendedores individuais e 75% delas são consideradas vulneráveis, segundo o Sebrae. São essas empresas, e os empreendedores individuais que prestam serviços a elas, que estão quebrando e demitindo trabalhadores. Salvador já registra a 2ª maior taxa de desemprego entre as capitais, e milhares de soteropolitanos estão sobrevivendo com os 600 reais do auxilio emergencial, além dos R$ 270 que a prefeitura oferece a 20 mil pessoas. Mas isso vai acabar, e toda essa população vai voltar ao mercado de trabalho. Por isso, é fundamental que governo e prefeitura estabeleçam um plano imediato de retomada da atividade econômica, para evitar que outras empresas saiam do mercado e que novas empresas possam surgir. E esse plano deve incluir o apoio ao microempresário, que terá de arcar com os custos que a retomada sob novas condições sanitárias vai exigir.
O governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto, que demonstraram competência no enfrentamento da pandemia e assim pouparam a vida de muitos baianos, precisam demonstrar a mesma competência na apresentação de um plano seguro e monitorado de retomada das atividades econômicas, para assim preservar a sobrevivência de milhões de baianos que, sem emprego e sem auxílio emergencial, vão estar em breve nas ruas das nossas cidades.
O padrão da Covid
Na Europa e em cidades como Nova York, o enfrentamento à Covid-19 se deu através de um lockdown imediato, já em pleno pico de casos. O resultado foi um número elevado de mortes, mas a retomada foi rápida, em cerca de dois meses. Em outros locais, o enfrentamento se deu através de um isolamento mitigado, antes do pico de casos e mortes, de modo a achatar a curva enquanto se providenciavam mais leitos. A estratégia foi um sucesso e poupou muitas vidas, mas o efeito colateral foi o prolongamento indefinido do isolamento. Há ainda locais que adotaram o negacionismo e aqueles em que se abre e fecha a economia como se muda de camisa. É pior cenário: muitas vidas se perdem e o isolamento se prolonga.
O Sebrae e a Covid
Segundo o superintendente do Sebrae-BA, Jorge Khoury, o maior problema das micro e pequenas empresas baianas é o crédito. Ele diz que o crédito não está chegando aos pequenos empresários porque os bancos continuam colocando seus interesses em primeiro lugar, exigindo garantias e enorme burocracia. “O que o microempresário precisava era de um seguro-pandemia”, afirma o superintendente. O Sebrae continua buscando soluções para os microempresários e, para isso, lançou esta semana a plataforma digital Sebrae. Khoury diz que as micro e pequenas empresas vão continuar existindo após a pandemia, mas haverá muitas empresas novas, pois grande parte das que existem hoje vai se extinguir.
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