A mulher do suspeito de atear fogo na própria família dentro da casa onde moravam em Feira de Santana, e que também foi atingida pelas chamas, foi liberada do Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, para ir ao enterro dos quatro filhos e de um neto, vítimas da tragédia. Os sepultamentos ocorreram em Feira de Santana, a cerca de 100 km da capital, na tarde desta terça-feira (28). As informações foram passadas ao G1 por familiares das vítimas.
Os corpos das cinco vítimas foram liberados pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) na manhã desta terça. Cristina de Jesus Moura, 37 anos, e a filha de 4 anos foram as únicas sobreviventes da tragédia. A mulher chegou ao cemitério São Jorge em uma cadeira de rodas. Ela possui marcas de queimaduras nos braços. Muito emocionada, Cristina foi amparada por amigos e familiares.
Em contato com o G1, familiares da vítima disseram que ela foi internada no HGE logo após o crime e que ainda não recebeu alta e deve voltar à unidade de saúde ainda nesta terça-feira. A Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) afirmou que não passa informações sobre pacientes, mas informou que a liberação de uma pessoa assistida nas unidades de saúde pode ocorrer, conforme solicitação do paciente mediante a assinatura de um termo de responsabilidade.
"Ela veio para o enterro, mas vai voltar para o hospital. Ela já come, se movimenta e passa bem, mas está abalada. A família toda está tentando ajudar, ficando no hospital, até minha ex-cunhada está com ela, mas foi uma situação que vai precisar de tempo para a gente se recuperar", relatou Iraildes de Moura, irmã da vítima.
Uma das filhas de Cristina, que também sobreviveu ao ataque, recebeu alta no último final de semana. Conforme Iraildes, a criança está com a pele cicatrizada e passa bem.
'Não tinha motivo'
Gilson Jesus Moura, 49 anos, assumiu o crime, mas disse que não tinha motivo para cometé-lo. Ele foi preso em Feira de Santana, dois dias depois do ocorrido, quando tentava pegar um transporte alternativo para outra cidade. Conforme a polícia o homem permanece detido.
"Eu não tinha motivo nenhum para fazer isso porque eu estava super bem com minha família, meus filhos me adoravam. Eu era o tempo todo com minha filha menor no colo, abraçando meus filhos o tempo inteiro", disse Gilson após ser preso.
Crime
Um bebê, duas crianças e dois adolescentes morreram após o incêndio na casa onde moravam, no bairro de Mangabeira, em Feira de Santana, na madrugada do dia 4 de janeiro.
Além dos cinco mortos, outras duas pessoas ficaram feridas, uma mulher de 37 anos, mãe das vítimas, e outra criança, de três anos. Elas foram resgatadas por vizinhos, que arrombaram a porta ao perceberem o incêndio.
A mulher de Gilson, Cristina de Jesus Moura, prestou depoimento à polícia no hospital e confirmou que o marido foi o responsável por colocar fogo na casa onde a família dormia. A polícia confirmou ainda que os dois viviam uma relação incestuosa, já que eram irmãos por parte de mãe.
Drama
Vizinhos que ajudaram a socorrer as vítimas de dentro da casa incendiada lembraram o desespero da mãe e da criança, que foram as únicas sobreviventes.
"A criança falava 'socorro tia, não me deixa morrer, cadê a minha mãe?'. E a mãe dizia: 'salve meus filhos, por favor, salve meus filhos'", conta Edilene de Jesus, vizinha da família que ajudou no socorro às vítimas.
Uma testemunha informou para polícia que o Gilson havia se desentendido com Cristina, por ciúme, durante a festa de réveillon. O galão utilizado no crime foi apreendido e encaminhado para perícia no Departamento de Polícia Técnica (DPT).
A polícia ouviu vizinhos do casal, que vivia junto há 15 anos. As testemunhas relataram que eles não costumavam brigar, e que o suspeito era um pai carinhoso. "Ele era uma pessoa muito boa para todos nós, inclusive para família e para ela. Ele falava sempre que amava ela", conta Roberto Santana, vizinhos da família.
< Anterior | Próximo > |
---|