Luzia mostra o próprio atestado de óbito, que informa sua morte em 2003, em São Paulo (Foto: Raimundo Mascarenhas/Calila Noticias)
A dona de casa Luzia da Silva Santos, 62, moradora de Conceição do Coité, a cerca de 200 quilômetros de Salvador, descobriu que está "morta" há mais dez anos ao tentar solicitar um benefício junto ao INSS. A idosa teve acesso à própria certidão de óbito que atesta que seu falecimento ocorreu em 2003, na cidade de Atibaia, em São Paulo, e, por esse motivo, não consegue a pensão vitalícia que tem direito desde a morte do homem com que conviveu por mais de 30 anos.
Natural da cidade de Bom Jesus da Lapa, na região oeste do estado, Luzia mora em Conceição do Coité com os cinco filhos há mais de 40 anos anos. Ela afirma que nunca esteve em São Paulo. "Me sinto humilhada e constrangida com essa situação. Eu estou viva. Nem sei porque isso aconteceu. Dizem que morri em São Paulo, mas nunca fui lá, nem sem onde fica.Preciso do benefício para sobreviver, já que só conto com a ajuda dos meus filhos. Isso só está enrolando e não consegui nada até agora", destacou a idosa, em contato com o G1 nesta segunda-feira (12).
O advogado da idosa, Leonardo Guimarães, afirma que Luiza não chegou a ser casada com o companheiro que já morreu, mas o direito dela ter o benefício após a morte do homem foi concedido, em 2014, pela Justiça, que reconheceu a união estável do casal. "A procuradoria do INSS também viu que ela preechia os requisitos para ter o benefício e se comprometeu a pagar inclusive os vencimentos atrasados", disse.
O problema, no entanto, conforme o advogado, é que, depois de formalizado o acordo e homologado por um juiz federal, o INSS afirmou que idosa constava como morta e que não poderia conceder o benefício. "Ficamos indignados porque o INSS argumentava que ela estava morta, mas não provava. Foi então que pedimos a certidão de óbito dela, que foi enviada pela comarca de Atibaia somente este ano", destacou o advogado.
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